Karel Poborsky. Ainda se recorda? Aquele extremo que passou pelo Benfica e que deu alcunha a muitos miúdos no final dos anos 90 quando havia aquela mania dos cabelos compridos? Hoje tem 45 anos e ostenta um ar hipster entre uns quilinhos a mais que consegue mais ou menos disfarçar. E ainda joga muito, como se conseguiu ver numa digressão recente das velhas glórias do Manchester United pela Austrália (no futebol e no futsal).

José Mourinho. Dia 1 no Benfica

O checo que os portugueses começaram por conhecer pelas piores razões no plano desportivo – com aquele golo fabuloso a Vítor Baía, num chapéu, nos quartos-de-final do Europeu de 1996, que lhe valeu uma passagem do Slavia de Praga para o Manchester United – era uma das principais figuras do Benfica nos três meses em que José Mourinho esteve à frente da equipa, em 2000. Acabaria por sair pouco depois do técnico para a Lazio, rumando em 2002 ao Sparta de Praga antes de terminar a carreira no clube onde começou a jogar, o Ceské Budejovice, em 2007. Nos últimos dez anos, esteve também ligado ao futebol checo e foi embaixador de uma empresa de apostas.

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Já Maniche, nessa altura um jovem médio ainda com muito trabalho pela frente (e que foi expulso no primeiro jogo de Mourinho no Benfica, frente ao Boavista), foi o jogador desse lote de elementos com maior sucesso nos relvados: além das passagens por todos os grandes campeonatos europeus (no FC Porto, Dínamo Moscovo, Chelsea, Atl. Madrid, Inter, Colónia e Sporting), foi durante muitos anos figura de destaque da Seleção Nacional vice-campeã europeia e quarta classificada no Mundial. Terminou a carreira em 2012, chegou a ser adjunto do ex-companheiro Costinha na Académica e detém desde agosto a maioria da SAD dos madeirenses do Camacha.

Após terem sido campeões europeus no FC Porto, Mourinho foi resgatar Maniche à Rússia no Chelsea (Julian Finney/Getty Images)

José Mourinho está de regresso a uma casa que conhece bem, orientando agora o Manchester United (depois das passagens por U. Leiria, FC Porto, Chelsea, Inter e Real Madrid, com dezenas de títulos nacionais e europeus) num encontro da Champions frente ao Benfica na Luz (19h45). O técnico português já defrontou o FC Porto e o Sporting, mas faz hoje a estreia em termos oficiais contra os encarnados. Mas, 17 anos depois, o que é feito dos 22 jogadores utilizados pelo Special One na passagem pelas águias entre setembro e dezembro de 2000?

José Mourinho na Europa. 15 anos, 4 títulos. É bom? Não, é Special para One

Há vários exemplos de diferentes caminhos, uns mais “naturais” do que outros. Diogo Luís, Calado, Dani e Van Hooijdonk passaram para o papel de comentadores, utilizando toda a sua experiência nos relvados para dar a outra face nos programas de futebol. Já Ronaldo (que teve também uma empresa de eventos), Marchena, Uribe, Chano ou Sabry continuaram no trabalho de campo, como treinadores principais – nos seniores ou na formação – ou adjuntos. Depois, há os casos de Rojas (fazendeiro em Misiones, no Paraguai), Carlitos (proprietário de um restaurante em Barcelos, além de outros investimentos no ramo imobiliário) e Fernando Meira (que abriu uma empresa com os ex-jogadores Pedro Mendes e Nuno Assis e tornou-se agente FIFA).

O último onze do Benfica de Mourinho, no dérbi com o Sporting (3-0): Diogo Luís, Van Hooijdonk, Miguel, Fernando Meira e Marchena em cima; Enke, Chano, Maniche, Calado, Dudic e Carlitos em baixo (Allsport UK /Allsport)

Por fim, mas sempre em primeiro, Robert Enke, o alemão que desapareceu em novembro de 2009 aos 32 anos e que foi o único jogador totalista enquanto Mourinho esteve no Benfica (passaria ainda por Barcelona, Fenerbahçe, Tenerife e Hannover). “Foi o meu primeiro guarda-redes. Recordo dele a serenidade, a simpatia, a educação, o profissionalismo, as preocupações de caráter social e não só. Era um homem com ambição de singrar na vida e na carreira. Por tudo isto, a sua morte trágica deixa-me ainda mais chocado. Que descanse em paz”, comentou o técnico.

O guardião que tinha medo de falhar e “se culpava muito”