O porta-voz do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) acusou esta quarta-feira os dissidentes do partido (Grupo dos 15) e o Presidente da República, José Mário Vaz, de ordenarem “o assalto ao partido”.

“Há algum tempo que o PAIGC tem sido ameaçado pelo Grupo dos 15 que tem sido claramente apoiado pelo senhor Presidente da República, que tem dito que representam aquilo que são os verdadeiros guineenses”, disse João Bernardo Vieira, em declarações à Lusa.

Eles (o Grupo dos 15) sentem força por causa do Presidente da República. Portanto, não é difícil de imaginar de onde é que isto veio e quem terá vantagem política com o assalto ao PAIGC. É o grupo dos 15 e o Presidente da República”, acrescentou.

Segundo o porta-voz, “o Presidente da República já tinha dito que o Governo era uma máquina de guerra e fez um conjunto de afirmações que para bom entendedor meia palavra basta. Continuo a reafirmar que isto foram pessoas mandatadas pelo Grupo dos 15 com o apoio do Presidente da República. É lamentável que nunca situação em que estamos todos à espera de paz e de estabilidade haja situações do género”, disse o porta-voz do PAIGC.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

João Bernardo Vieira afirmou também que considera “estranho” que mais de 100 pessoas tenham invadido a sede nacional do partido, em Bissau, que fica a “20 segundos do Palácio da Presidência”, onde existe um forte dispositivo de segurança e nada tenha sido feito.

“O que é certo, é que vamos continuar a defender as nossas sedes. Se as autoridades não assumirem as suas responsabilidades nós vamos de facto tentar recuperar aquilo que é nosso”, afirmou, sublinhando que a polícia só veio depois de tudo estar resolvido.

Um grupo de jovens tomou esta quarta-feira de assalto a sede nacional do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), na capital da Guiné-Bissau, tentando impedir os militantes de entrar, e as duas partes acabaram em confrontos.

Neste momento, há um dispositivo da polícia junto à sede do partido, que fica localizado na Praça dos Heróis Nacionais, ao lado da Presidência da República.

A Guiné-Bissau vive um impasse político há cerca de três anos, depois de o PR ter demitido o Governo de Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGC, partido que venceu as eleições legislativas de 2014.

O Grupo dos 15 é um grupo de deputados expulsos do PAIGC, depois de votarem contra o programa do Governo submetido ao parlamento por Carlos Correia, que substitui Domingos Simões Pereira.

Na sequência da expulsão daqueles deputados, o parlamento ficou bloqueado e está parado há cerca de dois anos.

O atual Governo da Guiné-Bissau não tem o apoio do PAIGC e o impasse político tem levado vários países e instituições internacionais a apelarem a um consenso para a aplicação do Acordo de Conacri.

O Acordo de Conacri, mediado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), prevê a formação de um governo consensual integrado por todos os partidos representados no parlamento e a nomeação de um primeiro-ministro de consenso e da confiança do chefe de Estado, entre outros pontos.