O presidente do conselho de administração da Impresa, Francisco Pinto Balsemão, disse esta terça-feira que a reestruturação do grupo de media, com a negociação de venda das revistas, está a correr “muito bem” e como o previsto.

“Está a correr muito bem”, afirmou, quando questionado pela agência Lusa à margem de um jantar no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), em Lisboa, com o tema “Os media na era da pós-verdade”. Já quanto à pergunta sobre se o processo de reestruturação está a decorrer como previsto, Francisco Pinto Balsemão disse que “continua”, reforçando que “isso foi anunciado e não há nada de novo para falar”.

A Impresa anunciou a 23 agosto a venda de todas as publicações (excluindo o Expresso) do grupo, onde trabalham mais de uma centena de pessoas, na maioria jornalistas. Na altura, a empresa indicou que iria vender alguns dos títulos no âmbito de um “reposicionamento estratégico” da sua atividade, que passa por um “enfoque primordialmente nas componentes do audiovisual e do digital”.

Mais tarde, no início de setembro, a Impresa confirmou haver interessados na compra de revistas do grupo, sem adiantar mais pormenores desde então.

Após reuniões de elementos das direções com trabalhadores de vários títulos, o presidente executivo do grupo, Francisco Pedro Balsemão, enviou uma mensagem aos funcionários indicando que a reestruturação iria implicar a “redução da exposição ao setor das revistas e um enfoque primordialmente nas componentes do audiovisual e do digital”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Nesse sentido, [a Impresa] iniciou um processo formal de avaliação do seu portefólio e respetivos títulos, que poderá implicar a alienação de ativos. A prioridade passa por continuar a melhorar a situação financeira do grupo, assegurando a sua sustentabilidade económica, e logo a sua independência editorial”, concluiu, na mesma nota.

Após reuniões com Francisco Pedro Balsemão, a Comissão de Trabalhadores da Impresa considerou haver uma “incerteza total” quanto ao futuro dos títulos do grupo e dos trabalhadores.

Por seu lado, o Sindicato dos Jornalistas afirmou, depois de um encontro com a comissão executiva do grupo, ter obtido “o compromisso de [que o grupo iria] privilegiar as ofertas de compra para as 13 publicações à venda que incluam os trabalhadores desses mesmos títulos”.

A Impresa Publishing detém os títulos Activa, Blitz, Caras, Caras Decoração, Courrier Internacional, Exame, Exame Informática, Jornal de Letras, Telenovelas, TV Mais, Visão, Visão História, Visão Júnior e Expresso, além do canal de televisão SIC. Estes últimos estão fora do processo de reestruturação.

Falando esta terça-feira aos jornalistas, Francisco Pinto Balsemão salientou que “o jornalismo profissional, de qualidade, sujeito a regras deontológicas e a sanções quando não as cumpre é cada vez mais importante num momento em que […] há tanta mentira, há tanta notícia falsa e há tanta meia verdade que é posta a circular”.

É necessário é que haja meios financeiros e independência suficientes para que essa tarefa possa ser cumprida, como é necessário também que os jornalistas se adaptem mais e melhor ao digital porque, em muitos casos, estamos atrasados ou não estamos na vanguarda como devíamos estar”, adiantou o administrador.