A procura por crédito junto da banca, que está em mínimos, não vai recuperar em 2018, apesar da melhoria da economia e da descida do desemprego. A previsão é da agência de rating Moody’s, que esta quinta-feira divulgou um relatório de análise à banca portuguesa onde lamenta que “apesar de o Produto Interno Bruto (PIB) dever acelerar, a qualidade dos ativos e os níveis de capital vão continuar estáveis mas enfraquecidos”.

A mesma agência já tinha vindo considerar “positiva” a criação da plataforma de gestão do crédito malparado, gerida pelos maiores bancos do sistema, mas a plataforma não é destacada pelos analistas da agência de rating no sumário do relatório hoje divulgado. Com ou sem plataforma, a Moody’s acredita que “ainda que o crescimento económico sustentado vá levar a uma pequena descida dos empréstimos problemáticos dos bancos, o stock de ativos que não geram rentabilidade vai continuar elevado”.

Ainda que o stock de empréstimos problemáticos deva cair de forma modesta [fruto da recuperação da economia], vai continuar a ser elevado para os padrões europeus. No final de junho de 2017, o rácio de créditos não-performantes (NPL) no sistema bancário, nos termos definidos pela Autoridade Bancária Europeia, estava nos 17,5%, abaixo dos 20,1% no ano passado mas muito acima da média da União Europeia, que é de 4,5%”.

A Moody’s assinala, também, algo que o presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), Faria de Oliveira, já apontou: os bancos precisam de mais capital. “O capital dos bancos vai continuar a ser mais fraco do que a média da zona euro, travado por baixa geração interna de capital e muito dependente dos ativos por impostos diferidos”, afirma a agência de rating, numa alusão à controversa contabilização de direitos fiscais futuros (por prejuízos passados) como capital regulatório.

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Essa “baixa geração interna de capital” de que fala a Moody’s está relacionada com a escassez de novo negócio, sobretudo por parte das empresas. “A lucratividade dos bancos prevê-se estável”, o que não é propriamente uma boa notícia: “ainda que as condições mais favoráveis na economia reduzam o problema de formação de novo crédito malparado, esse efeito vai ser claramente contrabalançado pelas receitas modestas num contexto de pouco volume de novo negócio empresarial e taxas de juro baixas”.

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