O presidente do BPI, Pablo Forero, disse esta quinta-feira que o banco está a trabalhar na redução da participação no Banco Fomento de Angola (BFA), como quer o BCE, mas que tal decorre “com calma”, para conseguir maximizar o valor.

“Temos a recomendação do BCE [Banco Central Europeu] para reduzir ainda mais essa participação no BFA. Estamos a falar e a trabalhar com eles sobre qual a melhor maneira de fazer isso”, disse Forero, que afirmou que “felizmente” Frankfurt não pôs um prazo.

“É melhor trabalhar estas coisas com calma”, afirmou, numa conferência de imprensa hoje realizada para apresentar os resultados dos primeiros nove meses do ano.

Forero disse que é habitualmente “complexa” a redução de participação em bancos não cotados, como o BFA, pelo que disse que querem fazer as coisas com tempo de modo a “maximizar o valor” para o BPI.

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Questionado sobre, quando isso acontecer, como conseguirá o BPI compensar os lucros que agora advêm da operação em Angola, Forero afirmou que é por esse motivo que têm vindo a “trabalhar no mercado português” para o tornar mais rentável.

“Temos de estar preparados para quando fizer a venda”, disse.

O Banco BPI divulgou hoje que teve lucros de 23 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, um recuo de 87% face ao lucro de 183 milhões de euros obtido em igual período de 2016.

Este resultado reflete as perdas de 212 milhões de euros da mudança de contabilização do Banco de Fomento de Angola, no seguimento da venda de 2% de participação feita no início do ano, e os custos de 77 milhões de euros com os programas de saídas de pessoal feitos em meados deste ano.

Já excluindo estes custos extraordinários, o resultado líquido recorrente foi de 312 milhões de euros.

De Angola, o BPI conseguiu 154 milhões da operação, acima dos 122 milhões registados até setembro de 2016.

Já em Portugal, o BPI conseguiu 152 milhões de euros (quase três vezes os 56 milhões do mesmo período de 2016) e sete milhões em Moçambique (onde tem o BCI, acima dos 5 milhões até setembro de 2016).

No início do ano, o BPI fez uma venda parcial do BFA à Unitel (detida pela empresária angolana Isabel dos Santos), a maneira de o banco cumprir a exigência do BCE de reduzir a exposição a Angola, onde Frankfurt considera que a supervisão não é equivalente à europeia.

O BPI deixou assim de ser o acionista maioritário do BFA, detendo agora uma participação de 48% no Banco de Fomento Angola (BFA).