Portugal mantém a liderança entre os países que mais vendem a Angola, à frente da China, que compra metade do petróleo, aumentando o volume de negócios em 47 por cento no segundo trimestre, face ao mesmo período de 2016.

Os dados constam do documento estatístico do comércio externo do segundo trimestre deste ano, elaborado pelo Instituto Nacional de Estatística de Angola, ao qual a Lusa teve acesso esta quinta-feira, que refere que Portugal atingiu uma quota de 17,3% de total de importações angolanas (14,89% em todo o ano de 2016), equivalente a 90.175 milhões de kwanzas (463 milhões de euros).

Apesar de ver as vendas para Angola aumentarem em termos homólogos, o volume de negócios de Portugal caiu ligeiramente (-4,5%), face ao primeiro trimestre de 2017, em que o país também liderou na origem das importações angolanas.

Já as compras angolanas à China aumentaram no segundo trimestre, em termos homólogos, 51%, para uma quota agora de 15,7%, equivalente a um volume de negócios de 81.744 milhões de kwanzas (420 milhões de euros).

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No terceiro lugar surgem os Estados Unidos da América, com uma quota de 8% e um volume de 41.791 milhões de kwanzas (215 milhões de euros) de vendas para Angola entre abril e junho. Seguem-se a África do Sul, com uma quota de 5,9% e um volume de 30.973 milhões de kwanzas (159 milhões de euros), e o Brasil, com uma quota de 4,8% e vendas de 25.102 milhões de kwanzas (129 milhões de euros).

No plano inverso, a China continua a ser o maior comprador das exportações de Angola, com uma quota sobre o total de 52,6% no segundo trimestre de 2017, essencialmente de petróleo. Traduz-se em 704.602 milhões de kwanzas (3,6 mil milhões de euros), um crescimento, em valor, de 62,9%, face às compras que a China fez a Angola no mesmo período de 2016.

A Índia mantém-se no segundo lugar e também aumentou as compras (quota de 8,8%) a Angola, que se cifraram no segundo trimestre do ano nos 117.795 milhões de kwanzas (605 milhões de euros), seguida do Canadá, com uma quota de 5,9%, comprando 78.536 milhões de kwanzas (403 milhões de euros) de exportações angolanas.

Tal como no primeiro trimestre de 2017, Portugal volta a não constar do grupo de 10 principais destinos das exportações angolanas.

O novo Presidente angolano, João Lourenço, excluiu Portugal da lista de principais parceiros, no seu discurso de tomada de posse, a 26 de setembro, sublinhando que Angola considerará todos que “respeitem” a soberania nacional.

“Angola dará primazia a importantes parceiros, tais como Estados Unidos da América, República Popular da China, a Federação Russa, a República Federativa do Brasil, a índia, o Japão, a Alemanha, a Espanha, a Franca, a Itália, o Reino Unido, a Coreia do Sul e outros parceiros não menos importantes, desde que respeitem a nossa soberania”, disse João Lourenço.

O novo chefe de Estado não fez qualquer referência a Portugal, principal origem das importações angolanas, no seu primeiro discurso oficial, numa altura de tensão na relação entre os dois países, decorrendo investigações das autoridades portugueses a figuras do regime angolano.

“Devemos continuar a pugnar pela manutenção de relações de amizade e cooperação com todos os povos do mundo, na base dos princípios da não-ingerência nos assuntos internos e na reciprocidade de vantagens, operando com todo os países para salvaguarda da paz, da Justiça e do progresso da humanidade”, disse ainda.

Globalmente, as exportações angolanas aumentaram 8,6% entre abril e junho de 2017, face ao mesmo período de 2016, para um volume de negócios total de 1,339 biliões de kwanzas (6,9 mil milhões de euros, enquanto as importações diminuíram, igualmente em termos homólogos, 3,4%, para 521.912 milhões de kwanzas (2.680 milhões de euros).