Conhecemo-la há muito como voz e figura principal dos Deolinda, o grupo que desde 2008, ano da estreia com o álbum Canção ao Lado, cruza a tradição portuguesa com as regras das canções pop. Agora, após quase uma década, Ana Bacalhau lança-se a solo, com um disco cujo título esclarece qualquer dúvida: Nome Próprio. E este mini documentário que o Observador revela em primeira mão recorda as origens e o processo de gravação dos temas que o compõem:

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“Quis cantar os meus problemas, as minhas questões, as minhas alegrias e tristezas”. A frase é de Ana Bacalhau e Nome Próprio não a revela totalmente distinta da cantora que já conhecemos de outras músicas. Nunca assim poderia ser. Parte da genética dos Deolinda é a mesma que inevitavelmente marca estes novos temas: um sotaque urbano sobre linguagens tradicionalmente portuguesas, algures entre o fado e o folclore, com uma óbvia noção pop de onde deve acabar a estrofe e começar o refrão para que ambas as partes fiquem na memória de quem as ouve.

“Nome Próprio”, de Ana Bacalhau (Universal)

O som que Ana Bacalhau procurava, como explica neste documentário, era “algo entre a Motown e a música tradicional portuguesa”. E aos compositores dos temas, a cantora sugeriu um universo que pudesse cruzar referências como Fausto e António Variações. Capicua, Jorge Cruz (Diabo na Cruz), Nuno Figueiredo (dos Virgem Suta), Samuel Úria, Nuno Prata, Miguel Araújo, Afonso Cruz, Francisca Cortesão (Minta & The Brook Trout), Carlos Guerreiro (dos Gaiteiros de Lisboa), António Zambujo, Márcia e Janeiro foram os nomes que acederam a este pedido.

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[“Ciúme” foi o primeiro single de “Nome Próprio”]

Para concretizar estas canções em estúdio, Ana Bacalhau contou com Zé Pedro Leitão (que é também contrabaixista dos Deolinda), Luís Peixoto (responsável pelas cordas mais tradicionais), Luís Figueiredo (piano) e Alexandre Frazão (bateria). Dos primeiros ensaios saíram conclusões rápidas e imediatas, mas também algumas surpresas, quando os temas levaram reviravoltas que os transformaram quase por completo. E sempre com a colaboração de João Bessa, que além de ter sido o responsável pela gravação no estúdio assina também a produção, em conjunto com a própria Ana Bacalhau.

“Gosto de todos os passos do processo de gravar um disco”, diz a cantora a dada altura. Das canções aos vídeos, das sessões de fotografia até à etapa derradeira que é o palco e que deverá ser concretizada em breve.