O Bloco de Esquerda considerou neste sábado que o Governo “dá um passo na direção certa” ao tomar posição acionista no SIRESP, mas alerta que “não cumpre o caminho todo”, defendendo que é preciso “assumir o controlo” do sistema. Numa conferência de imprensa no âmbito do Conselho de Ministros em São Bento destinada a adoção de medidas de prevenção e combate aos incêndios, o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, afirmou hoje que o Governo tomará posição acionista no SIRESP (Rede de Emergência e Segurança), podendo inclusivamente chegar ao seu controlo.

Contactado pela Lusa, o deputado do BE Pedro Filipe Soares defendeu que “o Governo, ao apresentar a ideia de assumir o controlo acionista [do SIRESP] dá um passo na direção certa, mas não cumpre ainda o caminho todo”. O parlamentar entende que “o Estado tem de assumir a gestão que os privados falharam”, tendo em conta “a importância que aquele sistema tem para o país”, que faz com que “tenha de funcionar e não possa ficar na mão de privados que o tornam absolutamente ineficaz e que reduzem em muito a confiança” que o país pode ter no SIRESP.

Pedro Filipe Soares reiterou que “assumir uma posição acionista não deve impedir que o Governo dê um passo mais forte, que é o de assumir o controlo de um elemento que é fundamental para garantir a segurança das populações, que tantas vezes tem falhado em cenários onde não deveria falhar”. O BE deixa então o apelo ao executivo: “Esperemos que faça o caminho completo, o que ainda não aconteceu”.

Aos jornalistas, o ministro Pedro Marques disse que o Estado, através da conversão de créditos, vai tomar posição acionista no SIRESP, aumentando assim a sua influência ao nível da gestão do sistema. O governante admitiu que a prazo o Estado poderá ter mesmo uma posição de controlo acionista do SIRESP: “O Estado tomará uma posição acionista e poderá chegar a uma situação de posição de tomada de controlo sobre a sociedade”, salientou.

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Para já, de acordo com o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, o Estado converterá em ações créditos da Datacomp e da Galilei, sublinhando que isso “significa participação na gestão da rede SIRESP”.

Na conferência de imprensa, Pedro Marques disse ainda que, com esse papel acrescido ao nível da gestão desta rede de comunicações de emergência, promoverá um conjunto de novos investimentos na ordem dos oito milhões de euros, nomeadamente a aquisição de quatro estações móveis com ligação satélite para reforçar as comunicações de emergência, a contratação de um sistema adicional de redundância com ligação à rede de satélite e a melhoria da oferta disponível para as operadoras de telecomunicações e energia para favorecer o enterramento dos cabos aéreos, que ardem facilmente nos incêndios.

O BE tomará uma posição na manhã de domingo sobre as medidas hoje anunciadas no Conselho de Ministros.