Um milhão de bicas foram queimadas nos fogos deste ano, um número que representa 20% da área resinada em Portugal, disse esta segunda-feira o presidente da associação do setor, sublinhando que pelo menos 200 postos de trabalho estão em risco.

Os dados provisórios apontam para um milhão de bicas queimadas pelos fogos que afetaram o país este ano, disse à agência Lusa o presidente da Associação de Destiladores e Exploradores de Resina (Resipinus), Hilário Costa. Para além de ter desaparecido cerca de 20% da área que estava a ser resinada, foram também queimados muitos outros pinhais e “pinhais jovens” que seriam explorados “daqui a dois ou três anos”, explicou o responsável pela associação, frisando que as áreas ardidas só poderão voltar a ser resinadas “daqui a 20 ou 30 anos”.

No imediato, haverá “pelo menos 200 postos de trabalho diretos” afetados, sendo que quem mais sofre são os resineiros, contou. “Quando é destruída uma máquina, amanhã substitui-se. Com um pinheiro, não é a mesma coisa. O desemprego é permanente”, face à demora na reposição da matéria-prima, realçou Hilário Costa.

Segundo o presidente da Resipinus, o setor estava numa rota de crescimento desde 2010, sendo que na zona da Beira Interior, que no passado era uma grande produtora de resina, voltava-se agora a apostar neste setor. “Foi acabar com essa esperança”, salientou, referindo que muitos dos resineiros que trabalhavam na área em 1980 e 1990 (quando Portugal era o segundo maior produtor de resina no mundo) tinham passado a dedicar-se à construção civil, tendo agora regressado à área face à crise que afetou o setor da construção.

De acordo com Hilário Costa, o setor da resina não foi abrangido pelas medidas de apoio do Governo às empresas afetadas pelos incêndios. A Resipinus já apresentou junto deste e de anteriores governos projetos para ajudar o setor, nomeadamente reconhecer o resineiro como membro de defesa da floresta contra incêndios.

“O resineiro é o agente económico que mais tempo passa na floresta durante o verão. É alguém que está assiduamente na floresta e que tem todo o interesse em que a floresta não arda”, aclarou. Para Hilário Costa, poderiam ser criados núcleos de quatro resineiros “com áreas de vigilância de 1.500 hectares”, dentro dos quais explorassem 100 hectares. Na quinta-feira, às 16:00, há uma assembleia extraordinária da Resipinus, em Leiria, para debater o flagelo dos incêndios no setor.

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