Numa altura em que o mercado automóvel começa a mudar o paradigma em termos de mobilidade, com a adopção de veículos mais eficientes e menos poluentes, eis que um estudo, levado a cabo pela Associação Automóvel Australiana (AAA), vem despejar um balde de água gelada sobre as supostas vantagens de propostas como os híbridos plug-in. Garantindo que, em média, gastam cerca de 23% mais de combustível que o anunciado pelos respectivos fabricantes.

Segundo este mesmo estudo, que compara 30 modelos, dos mais diferentes tamanhos e com todo o tipo de motores, inclusive híbridos plug-in, os resultados obtidos revelam enormes discrepâncias face aos dados oficiais. Existindo mesmo um modelo que terá conseguido a “proeza” de fazer uma média, em termos de consumo, 59% acima do prometido.

Os carros mais populares no mercado australiano chegam a consumir até 59% mais de combustível que o anunciado, emitindo até sete vezes mais partículas nocivas do que a lei permite”, afirma o director-executivo da AAA, Michael Bradley.

Para este responsável, “começa a ficar claro que, à medida que os limites em termos de emissões descem, a diferença entre os resultados oficiais alcançados em laboratório e os resultados obtidos numa utilização real começa também a aumentar”. O que significa que “tanto os consumidores, como o ambiente, têm vindo a ser enganados”.

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Com base nas observações realizadas, a AAA garante que os híbridos plug-in consomem cerca de quatro vezes mais que o anunciado. Já quanto às emissões, o organismo fundado em 1924, que congrega os clubes automóveis daquele país e conta com cerca de 7 milhões de sócios, alerta que 11 em cada 12 veículos testados chumbaram quando passados pelos regulamentos actualmente em vigor no país.

Os testes realizados passaram por um período de condução, durante cerca de 90 minutos, em trajectos urbanos, rurais e em auto-estrada. Com a AAA a garantir que o método é fiável, desde logo por apresentar variações médias de não mais que 3,0%, entre os resultados obtidos com um mesmo veículo. Além de ser também barato, uma vez que, afirma a associação, não deverá ultrapassar um custo de pouco mais que 2,5 euros, por veículo.

No entanto, apesar do resultado final desastroso, importa salientar que a AAA não revela números concretos quanto às emissões e consumos dos veículos analisados, não desvendando sequer quais os modelos levados a exame. Preferindo concluir apenas que os fabricantes estão a construir automóveis apenas e só para passarem nos testes realizados em laboratório, o que, claramente, não corresponde à utilização que depois têm no dia-a-dia. Motivo pelo qual a associação está, neste momento, a recolher dados que permitam suportar a exigência de realização, na Austrália, de testes em condições reais, como parte do processo de certificação para a aprovação de novos veículos.