Jorge Jesus foi Jorge Jesus. Que é como quem diz, esteve como costuma ser (algo que nem sempre os resultados permitem que aconteça), sem deixar (quase) nada por dizer e naquele jeito confiante que se tornou uma imagem de marca do treinador. Na antevisão da visita do Sporting a Vila do Conde esta sexta-feira (21h), o técnico falou dos assuntos que marcaram a semana como Alan Ruíz, o AC Milan ou o vídeo-árbitro.

Comecemos então pelo avançado argentino e explicando o contexto: o pai de Ruíz afirmou que, caso o filho (que agora recupera de lesão) não começasse a jogar mais nos leões, iria sair em breve de Alvalade, algo que poderia ter acontecido neste Verão mas que nunca chegou sequer a avançar por vontade de todas as partes.

“O Alan Ruíz tem perdido espaço, mas vai para a quarta semana lesionado. Lesionou-se no fim do Campeonato em Braga, esteve três meses sem competir e agora teve esta lesão muscular. É um jogador no qual acredito muito, hoje como no primeiro dia em que o vi jogar e pedi à SAD que o contratasse. Agora, não vou responder ao pai de nenhum jogador…”, começou por referir. “O que posso dizer é que, dos jogadores que trabalham comigo, ainda não houve nenhum que me dissesse assim: ‘No meu contrato está a dizer que tenho de jogar’. Quando tiver um jogador que tenha essa cláusula, aí digo: ‘Então olha, ‘xau, procura outro clube'”, completou.

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Mudança de tema, viragem de Portugal para Itália. Durante a semana, alguma imprensa transalpina colocou Jorge Jesus como o principal candidato a suceder a Vincenzo Montella no comando do AC Milan, falando mesmo numa alegada reunião entre dirigentes dos rossoneri e o representante do treinador em Lisboa. Se houve ou não conversas, isso ficou no segredo dos deuses. Mas a resposta de Jesus disse tudo sobre a permanência no Sporting.

“O que importa neste momento é falar do jogo e da equipa do Sporting. Vivo todos os dias de maneira intensa, não sei em que dia e em que ano vou parar a minha atividade. Que Deus me dê muita saúde para poder treinar ainda muitos anos, acredito que é o que vou fazer. A carreira de um treinador faz-se diariamente, as coisas têm de surgir naturalmente. É o que tenho feito na minha carreira e vou continuar a fazer, mesmo havendo ruídos para sair ou para entrar. O importante é focar-me no meu grande objetivo, que é tentar que o Sporting seja campeão”, destacou, antes de responder um pouco mais torto perante a insistência no tema. “Se houve ou não uma abordagem? Mas acham mesmo que ia responder a isso, se fui ou não fui?”, atirou.

Por fim, o treinador verde e branco abordou ainda a questão do vídeo-árbitro, que tanta polémica voltou a levantar esta semana depois da falha de comunicações durante metade da segunda parte do Desp. Aves-Benfica e da decisão de Rui Costa em não assinalar um penálti sobre Gelson Martins mesmo depois de ter visto as imagens no campo.

“O vídeo-árbitro é uma ferramenta que veio ajudar os árbitros, transmite melhor a verdade desportiva. Depois, se é bem ou mal utilizado, isso é outra questão. O importante nessas decisões do vídeo-árbitro são sempre as pessoas, que também erram, é normal. Mas não queiram tirar credibilidade ao vídeo-árbitro! Fomos pioneiros e os outros campeonatos vão seguir o mesmo. Veio para ficar e também acaba por responsabilizar mais os árbitros, que têm uma segunda hipótese para corrigirem um erro ou uma decisão”, destacou.

Antes, o treinador dos leões tinha destacado as dificuldades na deslocação a Vila do Conde, num jogo frente a uma equipa “que tenta valorizar a sua ideia de jogo”. “Mas o Sporting tem de fazer o seu trabalho: puxar pelos galões, puxar pelas suas mais-valias. Vamos sentir dificuldades, mas pensamos que vamos ultrapassar as mesmas”, salientou. Depois, ainda abordou outras questões laterais como a greve dos árbitros ou as declarações e propostas de Fernando Gomes na Assembleia da República. Jorge Jesus voltou a ser… Jorge Jesus.