Numa altura em que Portugal e Espanha começam a discutir o futuro da pesca da sardinha, representantes dos amadores nacionais propõe uma alternativa ao plano inicialmente traçado pela ministra do Mar, Ana Paula Vitorino. De acordo com a notícia avançada pelo Jornal Público, representantes da Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco (Anopcerco), da Organização de Produtores de Pesca Artesanal (Apropesca) e da Cooperativa de Produtores de Peixe do Norte (Propeixe) dizem que a solução não está na criação de zonas de pesca interdita, como sugeriu a ministra, mas sim na interdição temporária de pesca em zonas onde sejam identificados cardumes juvenis.

Pesca da sardinha deverá ser interditada em zonas do Norte e Centro

De acordo com o que os três dirigentes disseram ao diário português, a Ministra do Mar ter-se-à precipitado quando, à margem da conferência O Valor dos Oceanos (realizada na Gulbenkian, na passada quarta-feira, 25), afirmou que a criação de duas áreas de interdição total de pesca da sardinha em 2018, entre a Ericeira e Comporta, no Sul, e entre a Figueira da Foz e Aveiro, no Centro, seria a solução para proteger este recurso biológico.

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Ambas as regiões em questão, disse Ana Paula Vitorino, são “áreas importantes para a reprodução da espécie”. A ministra avançou ainda que estão a ser “mantidas conversas e reuniões de reflexão com as comunidades piscatórias para juntamente com o IPMA, já com informação científica, se poder delimitar áreas em que não haverá pesca de todo, porque são áreas importantes para a reprodução da espécie”.

Foi face a estas declarações que alguns representantes de armadores portugueses decidiram dar a conhecer o seu descontentamento perante esta solução, muito por culpa do impacto negativo que ela terá nas embarcações mais pequenas que frequentam as águas em questão. Dos 150 barcos licenciados para a pesca da sardinha, várias dezenas têm menos de 12 metros e trabalham até três ou quatro milhas da costa, com redes de menor dimensão.

Humberto Jorge, da Anopcerco, e Agostinho da Mata, da Propeixe, lamentaram o facto da ministra estar a dar como facto consumada uma medida tão pouco consensual, especialmente tendo em conta que o sector tem-se mostrado disponível para sugerir alternativas. Uma delas, avança Humberto Jorge, pode passar pelas tais interdições temporárias.

Agostinho da Mata, por sua vez, pede que seja tido em atenção a necessidade de garantir a sustentabilidade desta espécie mas também a sustentabilidade económica e social de um sector que não consegue viver das capturas de biqueirão, cavala ou carapau e cuja reconversão para outras artes acabaria por prejudicar a pesca artesanal, que enfrenta ela também problemas.