A Candidatura de Unidade Popular (CUP), da extrema-esquerda separatista catalã, admite concorrer às eleições regionais marcadas pelo Governo espanhol, manifestando apoio ao executivo catalão demitido por Madrid, que também concorda que os independentistas vão a votos.

Em conferência de imprensa, a porta-voz da CUP, Núria Gibert, afirmou, quando questionada sobre a possibilidade de ir a eleições convocadas em consequência da destituição do governo regional catalão, que a decisão final terá de ser dos seus militantes.

Não descartamos apresentar-nos a 21 de dezembro porque não descartamos nada, e isto têm de ser os militantes a decidir”, declarou, indicando que o único mandato que a CUP reconhece é o do referendo conduzido à revelia de Madrid no dia 01 de outubro.

Quanto à autoridade do Estado espanhol, representado pelo chefe do Governo, Mariano Rajoy, e pela sua vice-presidente, Soraya Sáenz de Santamaria, a CUP afirma que não tem “nem rei nem vice-rainha”.

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O vice-presidente do Governo demitido, Oriol Junqueras, escreveu numa carta aberta publicada no jornal El Punt-Avui que os separatistas “devem continuar a seguir em frente, sem nunca renunciar às urnas eleitorais”.

O parlamento regional da Catalunha aprovou na sexta-feira a independência da região, numa votação sem a presença da oposição, que abandonou a assembleia regional e deixou bandeiras espanholas nos lugares que ocupavam.

Ao mesmo tempo, em Madrid, o Senado espanhol deu autorização ao Governo para aplicar o artigo 155.º da Constituição para restituir a legalidade na região autónoma.

O executivo de Mariano Rajoy, do Partido Popular (direita), apoiado pelo maior partido da oposição, os socialistas do PSOE, anunciou ao fim do dia a dissolução do parlamento regional, a realização de eleições em 21 de dezembro próximo e a destituição de todo o Governo catalão, entre outras medidas.

Em resposta, no sábado, o presidente do governo regional destituído, Carles Puigdemont, disse não aceitar o seu afastamento e pediu aos catalães para fazerem uma “oposição democrática”, numa declaração oficial gravada previamente e transmitida em direto pelas televisões ao lado das bandeiras da Catalunha e da União Europeia, assumindo-se como líder de um país independente que pertence ao clube europeu.

“Continuamos a trabalhar para conseguirmos um país [Catalunha] livre” do domínio espanhol, afirmou o líder separatista catalão, assegurando que rejeita a utilização da “força”.

A partir de agora, cada ministério governamental de Madrid irá dirigir os correspondentes serviços regionais, tendo o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, delegado na sua vice-presidente, Soraya Sáenz de Santamaria, as funções e competências do presidente do governo da Catalunha cessante.

O Governo regional agora demitido por Madrid, apoiado desde 2015 por uma maioria parlamentar de partidos separatistas, organizou e realizou um referendo, considerado ilegal pelo Estado espanhol, em 01 de outubro último.

Nesse dia, numa votação com uma taxa de participação de 43% dos eleitores, votaram “sim” à independência 90% e os “constitucionalistas” (defensores da união com Espanha) boicotaram a consulta, ficando em casa.