O melhor elogio que se pode fazer esta noite a Battaglia é que ninguém deu pela ausência de William Carvalho. Tal como ninguém deu pela presença em Alvalade de Dybala — e aqui vai mais um elogio: o argentino “secou” completamente o pé esquerdo do compatriota da Juventus. Onde estivesse a bola, estava Battaglia. Sempre. E ele sempre veloz a persegui-la (mordia calcanhares atrás de calcanhares até a recuperar) ou a sair com ela controlada meio-campo fora, cavalgando (a passada é larga) meio-campo fora.

Na primeira parte foi o melhor e muito contribuiu para que a Juventus chegasse ao intervalo sem qualquer remate enquadrado com a baliza de Patrício. Após o recomeço, e enquanto as pernas não encolheram, outros se agigantaram: Patrício a defender tudo e até o impossível; Ristovski a não se amedrontar com a “artilharia” transalpina que a ele apontaria na direita: Mario Mandzukic, Douglas Costa ou Alex Sandro.

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Sporting-Juventus, 1-1

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Clément Turpin

Sporting: Rui Patrício; Ristovski (Petrovic, 91’), Coates, André Pinto e Jonathan Silva; Battaglia, Bruno César (Palhinha, 64’) e Bruno Fernandes; Gelson, Acuña e Bas Dost (Doumbia, 81’)

Suplentes não utilizados: Salin, Tobias Figueiredo, Matheus Oliveira, Podence e Doumbia

Treinador: Jorge Jesus

Juventus: Buffon; De Sciglio (Douglas Costa, 64’), Barzagli, Chiellini e Alex Sandro; Khedira (Matuidi, 70’), Pjanic e Dybala (Bernardeschi, 82’); Cuadrado, Mandzukic e Higuaín

Suplentes não utilizados: Szczesny, Rugani, Asamoah e Marchisio

Treinador: Massimiliano Allegri

Golos: Bruno César (20’) e Higuaín (79’)

Ação disciplinar: cartão amarelo para Mandzukic (26’), Bas Dost (67’), Acuña (73’), Coates (79’) e Cuadrado (89’)

A primeira parte começou por ser dividida. A Juventus tinha mais vezes a bola do que o Sporting, claro. Mas o Sporting cedo percebeu o que fazer com ela (ora buscar Gelson e Acuña, ora… “vira o disco e toca o mesmo”: sempre Gelson e Acuña) e a “possessiva” Vecchia Signora não.

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Houve apenas dois remates do Sporting à baliza de Buffon. Ambos de Bruno César. Aos 11’, Bruno Fernandes encontrou Bas Dost à entrada da área, o holandês estava cercado por defesas, serviu de tabela e a bola chegaria a Bruno César. Não é por acaso que o brasileiro é o chuta-chuta… e chutou mesmo. O remate foi forte mas sairia por cima da barra. Nove minutos depois, a recarga para o golo do Sporting, à entrada da área, é outra vez do chuta-chuta — que até chutou com o pior pé, o direito. Mas só o fez porque Gelson partiu a louça toda, deixou Chiellini tombado no relvado com um drible desconcertante (“à Gelson, portanto) e Buffon só conseguiria defender para a frente o remate que se seguiu do extremo. À segunda entrou mesmo e o Sporting vencia a todo-poderosa Juventus.

Após o recomeço esteve perto do segundo. Gelson isola-a no ataque aos 46’, corre, corre, corre, mas no último instante foi atrapalhado por Andrea Barzagli e Giorgio Chiellini, tentou driblar o segundo mas perderia demasiado tempo e não remataria. As pernas começavam a fraquejar. Cedo demais. E a Juventus crescia, encostando o Sporting à defesa. Não rematava. E o Sporting ainda teve mais duas ocasiões para alargar a vantagem. Quase se seguida.

Aos 60’, Gelson voltou a arrancar desde trás até à defesa italiana, só tinha os dois centrais da Juventus à sua frente e Dost logo ao lado. Esgotado, não arriscaria o drible, entregando a bola à direita no holandês. De pronto Dost virou o flanco, encontrou Bruno César à esquerda e este remataria como é seu apanágio. A bola saiu pouco ao lado da baliza. No minuto a seguir, à direita, Bruno Fernandes cruza rasteiro e tenso para a grande área. Dost falhou a emenda à boca da baliza por centímetros — e ele que é matulão bem se esticou.

Aos 69’, a defesa de Patrício vale tanto quanto um golo. E o Sporting (no relvado como nas bancadas) festejou-a como um. À esquerda, Douglas Costa cruza para a área, a cruzamento chega a Mandzukic no poste contrário, o croata amortece a bola para Dybala e este toca-a ainda mais para o lado. Higuaín estava lá para desviar de cabeça, o golo era daqueles cantados para o argentino, mas Patrício secou-lhe a garganta voando para a bola e evitando que esta entrasse mesmo sobre a linha. Mas o argentino “vingar-se-ia” do guarda-redes milagreiro. Foi aos 79’.

Depois de uma valente atrapalhação da defesa do Sporting à entrada da área, Cuadrado isola Higuaín nas costas de André Pinto e, à saída de Rui Patrício dos postes, o ponta-de-lança picaria, com classe, a bola por cima do guarda-redes.

Não mais a Juventus procurou o golo. Não mais o Sporting teve pernas para o tentar. E empatou.