O novo álbum dos portugueses Moonspell, “1755”, numa relação com o terramoto que abalou Lisboa há 262 anos, totalmente cantado em português, com o fadista Paulo Bragança como convidado, é editado esta sexta-feira.

O disco é composto por dez temas, com nomes como “1755”, “Desastre”, “Abanão”, “Ruínas” ou “1 de Novembro”, em referência ao dia em que milhares de pessoas morreram em Lisboa, na sequência de um terramoto que se calcula ter tido uma magnitude de 8,5 na escala de Richter, seguido por um maremoto e um fogo que destruiu praticamente toda a Baixa da cidade.

Gravar um álbum totalmente cantado em português, ao fim de 25 anos de carreira, “foi uma decisão artística, como tudo nos Moonspell”. “A razão foi extremamente simples. O disco liricamente é sobre Lisboa, sobre o que aconteceu na cidade [o terramoto de 1755] e sobre o que aconteceu em Portugal. Utilizamos não só expressões idiomáticas portuguesas, como muitas vezes dizemos Lisboa e Portugal e não queríamos dizer isso em inglês”, explicou Fernando Ribeiro em declarações à Lusa.

Nas letras há muitos “nomes e coisas de cá, tipicamente portuguesas”, daí a banda recorrer, “pela primeira vez, de forma absoluta, ao português como língua para um disco”. “Na nossa cabeça faz todo o sentido”, disse.

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O tema, “In Tremor Dei”, tem como convidado Paulo Bragança, que “vem do fado, mas é muito diferente do fado”.

O nome do fadista surgiu quando os Moonspell estavam em estúdio a gravar “1755”. “Sem saber onde andava o Paulo Bragança ou se ainda cantava, quando compusemos aquela canção eu disse que ficava ali fantástica a voz dele. Achava curioso o que ele fazia com o fado, que o levou aos extremos e fiquei com essa ideia”, recordou.

O disco, que inclui uma versão do tema “Lanterna dos Afogados” dos brasileiros Paralamas do Sucesso, foi apresentado ao vivo na segunda e na terça-feira, em Lisboa, no Lisboa ao Vivo, e no Porto, no Hard Club, na quarta-feira.

A banda tem também marcados concertos de apresentação de “1755” na Casa das Artes de Arcos de Valdevez, a 09 de novembro, no Teatro Aveirense, em Aveiro, a 10, no Cine-Teatro Avenida, em Castelo Branco, a 12, e no Cine-Teatro Louletano, em Loulé, a 07 de dezembro.

Como habitualmente e com fãs espalhados por todo o mundo, além de concertos em Portugal, a banda fará uma digressão internacional.

Apesar de “1755” ser cantado em português, Fernando Ribeiro considera que terá boa aceitação fora de Portugal. “No metal, a língua não é uma barreira, as pessoas gostam mais do feeling e o que eu tenho como vocalista é andar no meio das ruínas a contar o que é que se passa, no meio dos vivos e dos mortos”, assinalou.

O disco é “bastante poderoso”, até porque “fala de um terramoto”.

“É um álbum agressivo, dinâmico, também melódico de alguma maneira, porque também tenta associar a metade do século XVIII, na zona de Lisboa, toda aquela grande fusão musical e linguística que havia”, disse, recordando que “Lisboa era um dos portos de troca e de comércio mais importantes do mundo”.

Os espetáculos ao vivo “vão afinar um bocado por isso” e haverá uma tentativa de os aproximar “a uma peça de teatro, com alguma coreografia e elementos que remetam as pessoas para o tema”.