O ex-presidente do governo catalão, Carles Puigdemont, afirmou-se este sábado disposto a “cooperar plenamente” com a justiça belga no âmbito do mandado europeu de detenção emitido esta semana pela justiça espanhola.
“Estamos dispostos a cooperar plenamente com a justiça belga na sequência do mandado europeu de detenção emitido por Espanha”, lê-se numa mensagem, escrita em holandês, publicada ao início desta tarde na sua conta oficial no Twitter.
We zijn bereid tot volledige medewerking met Belgische justitie nav het Europees aanhoudingsbevel uitgevaardigd door Spanje
— Carles Puigdemont (@KRLS) November 4, 2017
Puigdemont não revela onde se encontra. O antigo governante e alguns membros do executivo regional foram para a Bélgica, depois da destituição da Generalitat, decidida pelo Governo de Madrid após a declaração unilateral de independência.
A meio da semana, alguns deles regressaram a Espanha, mas Puigdemont e outros membros da sua equipa não. O Ministério Público belga confirmou ter recebido mandados de detenção de Puigdemont e outros quatro antigos governantes, cabendo agora a um juiz a decisão de os mandar prender ou não.
O porta-voz do Ministério Público, Eric Van Der Sjipt, disse à agência espanhola, Efe, que ainda não foi nomeado — nem deverá sê-lo hoje – o juiz de instrução que decidirá sobre o mandado.
Uma vez que seja designado um juiz de instrução e os “interessados sejam encontrados e levados perante o juiz, este terá 24 horas para tomar uma decisão” sobre as Ordens Europeias de Detenção e Entrega.
Puigdemont pede lista única de partidos independentistas para eleições de 21 de Dezembro
Na quinta-feira, o Ministério Público espanhol pediu à Audiência Nacional para emitir um mandado europeu de detenção contra Carles Puigdemont.
Os ex-membros do governo regional da Catalunha estão a ser acusados dos delitos de rebelião, sedição e desvio de fundos, arriscando-se a penas que poderão ir até 30 anos de prisão. Oito ex-conselheiros, incluindo o antigo vice-presidente da Generalitat, Oriol Junqueras, ficaram em prisão preventiva, após terem comparecido perante a Audiência Nacional.
O parlamento regional da Catalunha aprovou no dia 27 de outubro a independência da região, numa votação sem a presença da oposição, que abandonou a assembleia regional e deixou bandeiras espanholas nos lugares que ocupava.
No mesmo dia, o executivo de Mariano Rajoy, do Partido Popular (direita), apoiado pelo maior partido da oposição, os socialistas do PSOE, anunciou a dissolução do parlamento regional, a realização de eleições em 21 de dezembro próximo e a destituição de todo o governo catalão, entre outras medidas.