O número de casos de doença dos legionários detetados no Hospital de São Francisco Xavier em Lisboa e “confirmados laboratorialmente”, desde o dia 31 de outubro, subiu para 26, informou este domingo a diretora-geral da saúde, Graça Freitas, em conferência de imprensa.

Dos 26 casos até agora diagnosticados, um doente encontra-se numa unidade de saúde privada, outro teve alta, um terceiro está no Hospital Pulido Valente, a seu pedido, dois na unidade de cuidados intensivos do hospital São Francisco Xavier e os restantes foram internados no Hospital Egas Moniz.

Graça Freitas voltou a dizer que é previsível que o número de infetados aumente, tendo em conta o período de incubação da doença, que pode durar até 10 dias, como já tinha avisado, no sábado.

Presente na conferência de imprensa no Hospital de São Francisco Xavier, o ministro da Saúde destacou a “estabilidade grande dos casos clínicos” e deixou um agradecimento aos presentes pela forma “competente, rápida e diligente com que o sistema respondeu”. O governante avançou ainda que pediu à Direção Geral da Saúde (DGS) e ao INSA (Instituto Ricardo Jorge) que, “no máximo de duas semanas, habilitassem o Governo com um relatório circunstanciado e detalhado do conhecimento público que deverá ter uma abordagem preliminar [das causas do surto]”. “Temos de garantir a confiança dos portugueses nas instituições públicas e também nas privadas.”

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“Alguma coisa correu mal”, diz ministro

O ministro da Saúde admitiu que “alguma coisa correu mal” no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, apesar de ter confiança de que “as melhores práticas foram seguidas”. “Tendo sido seguidas as melhores práticas, alguma coisa correu mal. A mim, o que me incumbe enquanto responsável político é perceber que – pela evidência dos relatos, pela primeira aproximação aos factos, o que foi dito e visto é que todos os procedimentos foram seguidos de acordo com as melhores práticas – ainda assim alguma coisa correu mal”, disse Adalberto Campos Fernandes.

“Todos terão de perceber que a nossa obsessão neste momento é perceber o porquê de, tendo sido cumpridos os procedimentos, [alguma coisa] ter corrido mal. E não descansaremos enquanto essa identificação daquilo que correu mal não seja conhecida”, disse Adalberto Campos Fernandes.

Já antes, e questionado sobre se teria havido falhas, o ministro da Saúde tinha respondido que a sua obrigação é “fazer a demonstração positiva de que nada falhou”.

“Não vou dizer agora que nada não tenha falhado. Como não também tenho a certeza se falhou também não tenho a certeza que não falhou.”

E disse que os relatórios pedidos “não são para preencher calendário. São para apurar o que aconteceu: se se deveu a um imponderável de natureza técnica, climática ou ambiental. Se se deveu a algum procedimento que deveria ter sido feito e que não foi feito”. “É isso que tem de ser avaliado com isenção, distanciamento e independência. E cá estaremos, quando os relatórios forem conhecidos, apurarmos então se alguma coisa correu mal ou não.”

O governante referiu ainda que “é precipitado se dizer que se deve a escassez de recursos”. “O hospital inclusivamente teve obras recentes e todo o sistema de água foi recentemente substituído e renovado. Deixaria aos técnicos o apuramento. Mas não me parece que se deva a falta de recursos nem de condições infra-estruturais. Arriscaria a dizer talvez mais ao nível do procedimento e menos do equipamento.”

Sobe para 19 número de casos de Legionella com ligação ao Hospital S. Francisco Xavier em Lisboa

O último balanço, feito esta manhã pelo Ministério da Saúde, dava conta de 24 doentes infetados com Legionella. Todos os infetados visitaram o Hospital de São Francisco Xavier nos últimos dias. O primeiro caso foi diagnosticado no passado dia 31 de outubro e trata-se de um funcionário do Hospital S. Francisco Xavier, de 44 anos, com problemas respiratórios associados, que entretanto já teve alta.

Os resultados das análises efetuadas pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), e divulgadas no sábado, revelaram a presença de Legionella nos circuitos de água do Hospital de São Francisco Xavier. Em conferência de imprensa naquele hospital de Lisboa, Graça Freitas confirmou, no sábado, que esse pode ser “um dos focos” do surto, mas “não quer dizer que não continuaremos a investigar” junto dos doentes e do ambiente. Os circuitos de água do São Francisco Xavier já foram entretanto submetidos a choques para matar as bactérias.