O aeroporto do Porto vai ser o terceiro da Europa a fazer parte da rede de aeroportos para voos de ligação da Ryanair, anunciou esta terça-feira o diretor de marketing da companhia aérea, Kenny Jacobs, presente na Web Summit em Lisboa.

Depois de Roma-Fiumicino, e Milão-Bérgamo, os clientes da Ryanair vão passar a poder – a partir de janeiro de 2018 — marcar voos para os Açores (Ponta Delgada e Terceira) a partir de Barcelona, Bolonha, Bruxelas, Dortmund, Dusseldorf ou Milão, sem precisar de comprar duas passagens aéreas.

Sublinhando a vantajosa “posição geográfica” do Porto, Jacobs destacou que há “uma grande procura a partir da Europa” com destino aos Açores e que o aeroporto do Porto é a melhor opção para oferecer viagens a partir de vários destinos europeus para as ilhas portuguesas.

“Posso fazer check-in das minhas malas em Milão e só as recolher em Ponta Delgada ou na Terceira”, exemplificou Jacobs, destacando que tal era algo que até agora não era possível a partir da maioria dos aeroportos europeus.

Para assinalar o lançamento, a Ryanair lançou 10 mil bilhetes a partir do Porto por 9,99 euros. Os bilhetes servem para viajar entre novembro de 2017 e janeiro de 2018 e podem ser reservados até à meia-noite da próxima sexta-feira, dia 10 de novembro.

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Estes voos de ligação, anunciados esta terça-feira pelo diretor de marketing da Ryanair, faz parte da “ambição” da companhia aérea de se tornar “a Amazon das viagens”, e que inclui uma série de novidades.

Kenny Jacobs na Web Summit (JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR)

Entre elas incluiu-se o novo site Ryanair Rooms, para marcações de quartos de hotel ou alojamento local integrados na reserva da passagem aérea, o serviço Ryanair Tickets, que permite integrar a compra de bilhetes para espetáculos na compra dos bilhetes, e ainda a personalização do site da companhia aérea, para oferecer produtos específicos consoante o perfil do cliente.

“É colocar o produto certo, à frente do cliente certo, no momento certo”, destacou Jacobs. “Uma pessoa que vá de Dublin a Gatwick [Londres] e volte no mesmo dia, num dia de semana, numa viagem de negócios, não está a comprar o mesmo produto de uma pessoa que compre uma viagem com antecedência para ir passar umas férias”, exemplificou.

Além disso, a companhia aérea lançou esta terça-feira também um novo site em língua chinesa, para dar resposta à procura crescente do turismo chinês na Europa. “Dez milhões de turistas chineses vêm para a Europa todos os anos”, sublinhou o responsável.

A “maior companhia aérea da Europa” quer aeroporto no Montijo

Jacobs falou, sobretudo, de números. A frota de 430 aviões – a que nos próximos seis anos se vão juntar mais 240 novas aeronaves –, os 129 milhões de passageiros anuais e os 30 milhões de utilizadores na aplicação fazem da Ryanair “a maior companhia aérea da Europa”, disse, sublinhando que a empresa cobre 15% do mercado europeu, número que deverá subir para 20% com a chegada dos novos aviões, até 2024.

Em Portugal, país em que a companhia opera em seis aeroportos (Lisboa, Porto, Faro, Ponta Delgada, Terceira e Funchal), a Ryanair transportou 10 milhões de passageiros este ano. “Tivemos um verão fantástico em Portugal”, garantiu.

O Porto é o aeroporto mais utilizado pelos clientes da companhia aérea, com 4,2 milhões de passageiros em 2016. Lisboa fica em segundo com 3,4 milhões no último ano.

Kenny Jacobs defendeu ainda a abertura do aeroporto no Montijo. “Nós defendemos a opção Montijo. Se o Montijo abrir, queremos continuar a voar em Lisboa e queremos voar no Montijo. Será ótimo para introduzir preços mais baixos”, disse, destacando que se trata da “mesma fórmula usada em Bruxelas ou em Milão”.

“Não temos nenhum problema com os pilotos”

A recente polémica com os cancelamentos de voos da companhia aérea não escapou à conferência de imprensa, mas Kenny Jacobs rejeitou qualquer “problema” com os pilotos da Ryanair. “É ótimo ser um piloto na Ryanair”, disse mesmo o responsável do marketing da companhia aérea.

O prejuízo da Ryanair: 2.000 voos, 25 milhões de euros e 140 pilotos

O que aconteceu, destacou Jacobs, foi um “erro” na gestão. “Descobrimos em setembro que tínhamos feito um erro. Tínhamos muitos pilotos que ainda tinham de tirar férias até ao final do ano e não tínhamos capacidade de fazer todos os voos que tínhamos programados. Isso ia afetar a nossa pontualidade”, sublinhou.

“Por isso, tivemos de tomar a decisão difícil de cancelar voos”, recordou Jacobs, desvalorizando as notícias sobre a polémica. “Foi menos de 0,5% dos nossos voos. Nos meios de comunicação social foi falado de forma desproporcional”, disse, lembrando que “em 18 dias, mais de 90% dos clientes já tinham escolhido outro voo ou recebido um reembolso.”

“Este problema dos cancelamentos foi exclusivamente causado por um erro de gestão de recursos humanos da nossa parte”, afirmou. “Temos a ambição de nos tornarmos a companhia aérea mais desejada pelos pilotos na Europa”, garantiu Jacobs.