Um dos 10 detidos numa operação antiterrorista franco-suíça, na terça-feira, é um pretenso imã que, aparentemente, terá doutrinado alguns dos restantes nove elementos suspeitos, revelou esta quarta-feira o ministro do Interior francês, Gérard Collomb.

“(Os suspeitos) são na maioria jovens que estavam a ser doutrinados por um pretenso imã. Algumas pessoas autoproclamam-se imãs e conseguem embriagar um certo número de jovens, pelo que temos de combater esses fenómenos e agir antes que ocorram atentados”, afirmou Collomb.

Fonte próxima da investigação, citada pela agência France Presse, indicou que o homem que se faz passar por imã tem a nacionalidade suíça, mas foi detido terça-feira em França.

“Apercebemo-nos que estavam a projetar atentados sem ainda terem determinado verdadeiramente os alvos”, acrescentou o ministro do Interior francês.

Para já, a operação antiterrorista de terça-feira em França e na Suíça permitiu deter dez suspeitos com idades entre os 18 e os 65 anos em vários locais – arredores de Paris, sul de França e Suíça.

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As detenções ocorreram no quadro de uma operação policial que investigava um grupo de discussão no sítio de troca de mensagens criptadas Telegram, frequentemente utilizada por extremistas islâmicos.

Segundo as fontes, na troca de mensagens surgiram “propostas inquietantes”, pelo que a operação antiterrorista visou “precisar o contorno dos projetos que as alimentam”.

Nove dos dez suspeitos, maioritariamente conhecidos dos serviços de informação franceses, foram detidos no sul de França e nos arredores de Paris, com a décima suspeita, uma mulher colombiana de 23 anos, a ser interpelado na Suíça.

Até agora, a operação não permitiu encontrar nem armas nem explosivos.

O processo que levou à operação foi iniciado a 19 de julho último em França através de uma “informação judiciária”, que deu conta da possível existência de uma “associação de malfeitores terroristas e provocação direta para a realização de um ato de terrorismo através de um meio de comunicação dirigido aos leitores na Internet.

“As investigações permitiram identificar um indivíduo na Suíça que tinha uma atividade apoiada em particular pelas redes sociais (Telegram). Ficou evidente que, nesse quadro de contactos com indivíduos residentes em França, que eram evocados nomeadamente projetos de ações violentas com contornos mal definidos nessa fase”, explicou uma fonte judiciária, citada pela AFP.

Na operação de captura estiveram envolvidos agentes da Subdireção Antiterrorista (SDAT) e da Direção Geral de Segurança Interna (DGSI, os serviços secretos), apoiados ainda por um corpo de elite da polícia, o RAID.

As detenções ocorreram no departamento de Val de Marne, a leste de Paris, bem como nas cidades de Menton e Aix-la-Provence, segundo o canal BFMTV, e enquadram-se na investigação judicial contra o terrorismo iniciado em maio.