Não é verdade universal, mas podia: haters are always gonna hate. Perdoem o inglês (é verdade, fala-se demasiado inglês nesta comunidade tecnológica) –, mas não encontro forma mais curta de dizer isto: “Aqueles que não gostam da Web Summit, na verdade, nunca vão gostar e está tudo bem, amigos na mesma, amanhã bebemos um café?” Haters are always gonna hate e isso não tem mal nenhum, antes pelo contrário. Até porque neste campo de ação não tenho gostos nem apetites, só trabalho. E não é meu hábito meter-me nos gostos dos outros. Mas passei um dia inteiro num evento onde se refletiu muito sobre um dos maiores desafios da humanidade, a inteligência artificial, e pergunto-me se falamos todos do mesmo quando falamos da Web Summit. Talvez não.

Regulação, impostos, justiça, educação, solidão, exploração sexual infantil, humanidade com medo de si própria. Dois robôs que conversam em palco sozinhos. Que se expressam facialmente, que improvisam, que têm sentido de humor. E tudo ali bem à nossa frente. Westworld e Black Mirror tudo ali, à nossa frente. Sabemos mesmo para onde vamos? Ninguém deu repostas. Pode ter sido sorte de principiante, mas o que encontrei neste primeiro dia de conferências foi uma Web Summit mais preocupada, mais existencialista e mais humanizada. A fazer mais perguntas do que esperava, mais desassossegada com o mundo que vivemos. Foi só um dia, vale o que vale. Amanhã à mesma hora, digo-vos se tenho razão.

Nem as legendas salvaram o discurso de Hollande

A presidente da Câmara Municipal de Paris levou para casa um milhão de euros por ter visto a sua cidade ser distinguida pela Comissão Europeia como a capital mais inovadora da Europa. Foi Carlos Moedas, o português que em Bruxelas tem a pasta da inovação, quem lhe entregou o cheque. Palmas, fotografias, sorrisos e alguns abraços. Parabéns à cidade da luz. Mas quando o tão aguardado ex-presidente francês François Hollande subiu ao palco para falar de inteligência artificial, startups e inovação, o olhar dos espectadores divergiu muitas vezes para o telemóvel, as pessoas começaram a sair da sala e outras olhavam para o vazio. Da boca de Hollande, saía um francês cerrado que contrastou com o milhão de euros que tinha acabado de voar para Paris. Nem as legendas em inglês que apareciam (não sincronizadas) retiveram a atenção das pessoas. Foi pena.

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