Os sindicatos dos médicos anunciaram esta quarta-feira que a adesão à greve foi “expressiva” nos hospitais e cuidados de saúde primários, garantindo que vão “endurecer as formas de luta” se o governo não avançar com negociações.

O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Jorge Roque da Cunha, afirmou que a adesão à greve foi entre os 80% e os 85% nos hospitais e entre os 85% e os 90% nos cuidados de saúde primários.

“Registou-se uma expressiva adesão à greve, superior à que ocorreu em maio passado, dando um sinal claro e objetivo ao ministro da Saúde e ao Governo que é fundamental que tratem os médicos com dignidade e que se iniciem negociações a sério”, disse, numa conferência de imprensa de balanço ao dia de greve.

Jorge Roque da Cunha acrescentou que os blocos operatórios estiveram encerrados em vários hospitais, como em São João, Estefânia, Matosinhos, Faro ou Setúbal, apesar de explicar que todos os serviços mínimos foram cumpridos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“O ministro não pode dizer que está a negociar com os sindicatos dos médicos, porque não é verdade”, defendeu.

Mário Jorge Neves, dirigente da Federação Nacional dos Médicos, que juntamente com o SIM convocou esta greve, defendeu que depois de várias paralisações e “negociações infrutíferas”, as formas de luta vão ser agravadas.

“Depois desta adesão em todo o país e nas regiões autónomas, é natural que as duas organizações estejam obrigadas a introduzir fatores de acrescida conflitualidade neste processo negocial”, disse.

O sindicalista explicou que as duas organizações sindicais vão agora reunir para decidir quais as próximas formas de luta, mas deixou a garantia de que “vão ser endurecidas”, de modo a por fim a esta situação.

“O comportamento que o Ministério da Saúde e o Ministério das Finanças tem tido para com os sindicatos dos médicos constituem uma vergonha na negociação sindical e na contratação coletiva”, afirmou.

Mário Jorge Neves disse ainda que, caso houvesse vontade política, os problemas já tinham sido resolvidos.

“Existe uma desconexão das palavras do ministro com a realidade envolvente. O ministro pode dizer o que entender, estamos num país livre onde o direito a dizer disparates e mentiras também é permitido. A realidade dos factos nega tudo isso, não existe vontade política efetiva para chegar a acordo”, salientou.

Os sindicatos pretendem uma redução das listas de utentes por médicos de família e uma redução de 18 para 12 horas semanais no serviço de urgência.

É ainda reclamada uma reformulação dos incentivos à fixação em zonas carenciadas, uma revisão da carreira médica e respetivas grelhas salariais e a diminuição da idade da reforma para os médicos, bem como a criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco e penosidade acrescidos.