As 12 horas apareciam no relógio e ainda estávamos no palco principal a ouvir um robô a explicar como nos ia roubar o emprego. O almoço que o Observador tinha marcado com uma das mais altas responsáveis da Cisco, Susie Wee, é ao meio-dia e meia no El Bulo, em Marvila. Dentro do restaurante do do chef argentino Chakall era como se não tivéssemos saído da Web Summit. Muita gente e inglês para cá e para lá: “Hi, how are you? What’s your startup” (olá, como estás, qual é a tua startup?).

Onde está Susie? “Estava a falar com as startups“, disse uma das responsáveis da Cisco em Portugal. O almoço era de networking (para conhecer pessoas), mas o que o Observador queria saber era o que fazia um gigante da tecnologia, que prevê faturar mais de 25 mil milhões de euros por ano, numa conferência de startups como a Web Summit.

“É importante conhecer as pessoas da indústria tecnológica e quem nos governos regula o meio”, explicou. Insistindo mais um pouco, acrescentando que o verdadeiro motivo passa também por a Cisco estar a divulgar as novas funcionalidades tecnológicas das infraestruturas de redes que gere e cria. No fundo, para uma gigante como a Cisco, a Web Summit é também uma montra.

Susie Wee sentou-se à cabeceira para almoçar com empreendedores como Salvador Barros, Filipe Romão e Hélio Silva entre outros.

Susie Wee formou-se em engenharia informática no pelo MIT, onde também se doutorou. Depois disso, foi trabalhar para a HP (Hewlett-Packard), onde chegou a diretora de tecnologia. Saiu em 2011 da empresa para ir para outra ainda maior, a Cisco, onde é a responsável máxima pelo programa de desenvolvimento de tecnologia e inovação.

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A Portugal, só tinha vindo uma vez: “há 15 anos, para um evento sobre uniformização de formatos de ficheiro de imagens digitais”, diz.

“Portugal é um país lindíssimo, na altura não parecia tão avançado tecnologicamente e a economia estava em baixo. Falei com estudantes e achei que não tinham muitas oportunidades de trabalho. E eram excelentes de um ponto de vista técnico”, conta Wee sobre a primeira visita a Portugal, por volta de 2002.

Ao falar sobre o fenómeno das startups em Portugal, Susie diz com convicção: “A qualidade portuguesa está a par com o resto do mundo e as ideias são tão boas como as que vejo em Silicon Valley”.

Para uma empresa como a Cisco, ir à Web Summit não é para fazer pitch de nenhuma ideia, é normalmente para ouvi-las. O objetivo é trabalhar com estas startups e mostrar-lhes as plataformas da empresa que podem usar. No entanto, também é objetivo adquirir os produtos que as startups estão a tentar vender para melhorar as tecnologias das empresas. “Nós gostamos quando usam a nossa tecnologia, mas também de perceber o que estão a construir”, explica Susie.