A X-Trade Brokers Dom Maklerski, a corretora polaca conhecida pela sigla XTB, está a ser investigada pelo Ministério Público polaco após uma auditoria da Autoridade de Supervisão Financeira da Polónia. A análise da entidade supervisora polaca concluiu que a fraude da XTB, que atua em Portugal através de uma sucursal, lesou os clientes num valor entre 8 milhões e 23,5 milhões de zlótis (1,8 milhões a 5,5 milhões de euros), segundo a imprensa local. O Ministério Público iniciou a investigação por reconhecer que há uma “suspeita razoável” de ofensa, noticia o “Puls Biznesu”.

A XTB confirma a auditoria da Autoridade de Supervisão Financeira, mas não reconhece qualquer razão para a investigação do Ministério Público. “O conselho de administração não vê nenhum fundamento para a objeção às atividades comerciais da empresa”, lê-se no comunicado da XTB. “A empresa sempre cumpriu todas as leis e diretrizes de supervisão de acordo com a prática de mercado e seguiu os códigos da indústria”, acrescenta.

Em Portugal, a sucursal da XTB é o maior intermediário no mercado de derivados. Nos primeiros nove meses de 2017, 29,3% das ordens nesse mercado foram recebidas pela XTB. Quase todas as ordens recebidas pela sucursal, no montante de 19,6 mil milhões de euros, foram efetuadas sobre contratos diferenciais, um segmento em que tem uma quota de mercado de 54,1%, de acordo com as estatísticas publicadas pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A imprensa polaca explica que a alegada fraude prende-se com a derrapagem nos preços, a diferença entre o preço esperado de execução e o preço efetivo da transação. A Autoridade de Supervisão Financeira alega que, quando essa diferença era favorável à XTB, os negócios eram executados, mas, quando a diferença lhe era desfavorável, os negócios eram cancelados ou efetuados a um preço diferente, de acordo com um relatório citado pela imprensa polaca.

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Questionada pelo Observador, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) não esclareceu, em tempo útil para este artigo, se participou na investigação polaca e se iniciou uma auditoria à atividade da sucursal portuguesa da XTB. Este artigo será atualizado se recebermos informações do supervisor nacional. Fonte oficial da XTB em Portugal esclarece que nunca teve “qualquer situação a nível regulatório” nos sete anos decorridos desde que a corretora se registou na CMVM.

Não é a primeira vez que corretoras são alvo de investigações ligadas a fraude na derrapagem nos preços. A FXCM, por exemplo, pagou uma multa de dois milhões de dólares (1,4 milhões de euros na altura) nos Estados Unidos da América em 2011 e de quatro milhões de libras (4,9 milhões de euros) no Reino Unido em 2014.

Na sessão de segunda-feira, as ações da XTB caíram 40,26% na bolsa de Varsóvia na sequência das notícias sobre a alegada fraude. Entretanto, a meio da sessão de terça-feira, os títulos tinham recuperado cerca de 5,38%.

Atualização às 14 horas de 15 de novembro de 2017: Fonte oficial da CMVM confirmou ao Observador que as autoridades polacas não solicitaram assistência ao supervisor português.