A vida não está fácil para Elon Musk. Ou, mais precisamente, para a sua Tesla, que estava a poucos meses de começar mesmo a ganhar dinheiro mas, ao não conseguir aumentar a cadência de produção do Model 3, está a atravessar uma das maiores crises da sua existência. Menos mal que os investidores continuam a revelar confiança no fabricante americano de carros eléctricos, isto apesar de o modelo que deveria retirar a Tesla dos prejuízos ser exactamente aquele que mais problemas lhe tem causado. É o preço a pagar quando não se tem experiência na indústria automóvel e se quer passar de uma produção de 80 mil unidades por ano (em dois modelos, S e X), para 520 mil/ano apenas do Model 3. Mas por muito que custe – e vai custar tempo e dinheiro –, não é impossível dar a volta numa questão de meses.

Enquanto Musk não consegue pôr a Tesla a fabricar 5.000 Model 3 por semana (meta que já deveria ter atingido), para depois começar a apontar para a fasquia das 10.000 unidades, prevista para 2018, é necessário recolher fundos onde eles existem, sem comprometer o futuro ou vender as jóias da família. Foi isso que fez Elon Musk, numa recente deslocação à Turquia, onde entabulou conversações com o Presidente Recep Tayyip Erdogan, em busca de liras turcas.

Foguetões e não só

Musk deslocou-se a Istambul para estar presente no Global SatShow, tanto mais que uma das suas empresas, a SpaceX, tem negócios em curso com aquele país. Mais precisamente, tem dois, agendados para 2020 e 2021, anos em que a SpaceX – que é considerada das melhores e mais competitivas empresas do sector – terá de recorrer aos seus foguetões Falcon 9 para colocar em órbita os Turksat 5A e 5B, que a Airbus vai produzir para a Turquia.

Mas já que estava ali e como Erdogan anunciou recentemente que pretende que o seu país esteja em condições de produzir o primeiro automóvel turco em 2021 (já produz vários, mas de marcas estrangeiras, nomeadamente Fiat, Kia, Nissan, Renault e Toyota), Elon Musk aproveitou para manter conversações com o Presidente, segundo Ibrahim Kalin, o seu porta-voz, “para analisar o potencial dos automóveis eléctricos”.

Caso Erdogan deseje criar um criar cluster de empresas turcas ligadas a esta tecnologia, a Tesla será um potencial parceiro que forneceria, a troco das tais liras, as soluções necessárias à concepção dos veículos e das respectivas baterias. É claro que o objectivo de Erdogan não será produzir uma berlina super-rápida, como os Model S, X e até mesmo o 3, mas sim um veículo mais acessível e convencional, que ainda assim assegure a desejada mobilidade e proteja o ar que os turcos respiram.

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