775kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Explosivos, tiros e uma mulher morta por engano. Como foi a perseguição policial da PSP

Este artigo tem mais de 5 anos

A PSP abriu fogo contra um carro em fuga por pensar que era o mesmo onde seguiam dois assaltantes que tinham acabado de fazer explodir um multibanco em Almada. Uma mulher morreu. Os ladrões fugiram.

Suspeitos foram perseguidos na Segunda Circular, em Lisboa
i

Suspeitos foram perseguidos na Segunda Circular, em Lisboa

Antonio Cotrim/LUSA

Suspeitos foram perseguidos na Segunda Circular, em Lisboa

Antonio Cotrim/LUSA

Tinham acabado de fazer explodir uma caixa multibanco no centro de Almada quando seguiam na Segunda Circular em direção a Sacavém num Seat Leon de cor preta. Quando os suspeitos, pelo menos dois, perceberam que tinham a polícia atrás, carregaram no acelerador. Fintaram vários carros que seguiam naquela estrada até chegarem à Rotunda do Relógio. A PSP foi chamando reforços e, já no terminal 2 do aeroporto, quase os barrou. Mas os assaltantes abriram fogo e, na troca de tiros, conseguiram escapar. Minutos depois, uma outra equipa da PSP pensou tê-los novamente na mão. Deu-lhes ordens para parar, mas o condutor desobedeceu e fugiu. Nova perseguição e mais tiros. Só quando o carro ficou finalmente imobilizado é que a PSP percebeu o erro: ao volante estava um homem sem carta de condução, ao lado uma mulher ferida pelas balas disparadas. A vítima acabou por morrer.

Tudo começou pelas 3h00 da madrugada de quarta-feira quando a PSP de Almada recebeu o alerta. Pelo menos dois homens tinham acabado de fazer explodir a caixa multibanco da Caixa Geral de Depósitos, na Avenida Bento Gonçalves, para furtar o dinheiro. Os polícias que foram ao local depararam com a caixa multibanco e parte das instalações da dependência bancária completamente destruídos. Vedaram a zona, recolheram testemunhos e lançaram o alerta para o Comando de Setúbal e para o Comando da PSP de Lisboa: pelo menos dois suspeitos tinham acabado de fazer um assalto com explosivos e tinham fugido num Seat Leon preto. “O multibanco teria 27 mil euros, não percebemos se os assaltantes conseguiram levar ou não o dinheiro”, disse ao Observador fonte da PSP de Setúbal.

“Seguindo o protocolo operacional aplicável a estas situações, foi difundida via rádio, a todo o dispositivo policial da área de Setúbal, Lisboa e regiões adjacentes, a ocorrência do furto e as informações disponíveis sobre a mesma”, diz o Comando da PSP de Lisboa em comunicado.

Pelas 3h30 o Seat Leon seria detetado na Segunda Circular, em direção a Sacavém. A polícia tentou intercetar o carro suspeito, mas o condutor acelerou a fundo e começou a contornar os carros que ali seguiam. “Circulando em diversas vias a alta velocidade e em contramão, colocando em perigo todas as pessoas que ali se encontravam”, explica a PSP.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os suspeitos abandonaram a Segunda Circular pela Rotunda do Relógio, sempre perseguidos pela polícia. Seguiram em direção ao Terminal 2 do aeroporto Humberto Delgado. Como a rua não tem saída, os polícias acabaram por sair dos carros para tentar barrar a passagem dos suspeitos. Mas estes ignoraram a ordem e abriram fogo. “Os polícias tiveram que saltar para a berma da estrada para não serem colhidos”, descreveu uma fonte da PSP de Lisboa ao Observador.

Minutos depois, de volta à Segunda Circular, mas em sentido contrário, uma Equipa de Intervenção Rápida da PSP de Loures — que circulava numa carrinha policial — acabaria por encontrar um Seat de cor preta que julgou tratar-se do carro procurado. Os polícias deram ordem de paragem, mas o condutor desobedeceu. “Esta viatura, durante a fuga, tentou atropelar os polícias, que tiveram de afastar-se rapidamente para não serem atingidos e, em ato contínuo, os polícias foram obrigados a recorrer a armas de fogo. Mais à frente, a viatura voltou a desobedecer à ordem de paragem por outra equipa de polícias, tendo sido intercetada pouco tempo depois”, descreve a PSP.

A polícia abriu fogo e, quando conseguiu imobilizar a viatura, aproximou-se. Lá dentro estava, afinal, um casal. Ao lado do condutor, uma mulher que acabara de ser atingida pelas balas da PSP. O INEM foi chamado ao local, mas a mulher acabaria por morrer. Depois de identificado, percebeu-se porque é que o condutor tinha fugido: não tinha carta de condução.

O homem foi detido por condução sem habilitação legal, por desobediência ao sinal de paragem e por condução perigosa. A mulher foi assistida pelo INEM e levada para o Hospital de São José, já sem vida. Segundo o INEM, eram 3h42 quando a equipa foi chamada ao local.

A Polícia Judiciária de Setúbal foi informada do assalto pelas 3h30 e relatou o caso à equipa de prevenção da Unidade Nacional Contra Terrorismo — que tem tido em mãos vários casos de assaltos a multibancos com recurso a explosivos. Pouco depois, o piquete da PJ foi informado do homicídio. Estão abertas duas investigações distintas.

IGAI abre inquérito

A Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI) já anunciou a abertura de um inquérito para perceber se a atuação policial foi adequada. Paralelamente, a Direção Nacional da PSP deverá abrir um processo disciplinar. Caso se conclua que os agentes não agiram de forma proporcional, poderão ser alvo de uma sanção disciplinar.

Em 2004 a Direção Nacional da PSP aprovou uma Norma de Execução Permanente sobre os “limites ao uso de meios coercivos”, que passa pelo simples uso da força física até ao uso de uma arma de fogo. Ficou proibido o “excesso” e foi estabelecido que se usassem medidas “proporcionais” e “adequadas”. Segundo este documento, na intervenção policial, a PSP deve ter em conta a gravidade da situação, o número de suspeitos, as suas características e os seus comportamentos. Só depois pode avaliar como intervir.

Quando o infrator põe em risco a integridade física ou mesmo a vida da polícia ou de terceiros, o grau de ameaça é considerado “elevado” e só aqui é admitido o uso de armas de fogo. Ainda assim, com condições: “O recurso a arma de fogo só é permitido em caso de absoluta necessidade, como medida extrema, quando outros meios menos perigosos se mostrem ineficazes, e desde que proporcionado às circunstâncias”. Mesmo quando é usada uma arma de fogo “o agente deve esforçar-se por reduzir ao mínimo as lesões e danos e respeitar e preservar a vida humana”.

Assine a partir de 0,10€/ dia

Nesta Páscoa, torne-se assinante e poupe 42€.

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver oferta

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine a partir
de 0,10€ /dia

Nesta Páscoa, torne-se
assinante e poupe 42€.

Assinar agora