Portugal ocupa o 15.º lugar no índice internacional de desempenho nas alterações climáticas, 20 lugares acima de Espanha e três acima da União Europeia, e já usa a quantidade certa de energia, mas devia ter menos emissões.

O índice chamado CCPI coloca o país “no 15.º lugar dos países com melhor desempenho”, refere uma informação divulgada pela Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero, que acrescenta que Portugal está “no caminho certo, mas longe dos objetivos necessários” nas emissões.

O índice avalia e compara o desempenho e a política climática de 56 países e da União Europeia, responsáveis por mais de 90% das emissões de gases de efeito estufa.

O anúncio dos seus resultados decorre esta quarta-feira, na conferência das Nações Unidas para as alterações climáticas, que termina na sexta-feira, em Bona, na Alemanha.

O CCPI é da responsabilidade da organização não-governamental de ambiente GermanWatch, do NewClimate Institute e da Rede Internacional de Ação Climática, de que a ZERO faz parte.

“Portugal ficou classificado em 18.º lugar”, refere a Zero, e explica que os três primeiros lugares ficaram vazios por se considerar não haver qualquer país a cumprir o necessário para estar no “pódio” no que respeita à proteção do clima, por isso “fica efetivamente” na 15.ª posição.

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Em 2016, Portugal estava classificado em 8.º lugar, mas mudanças efetuadas na formulação do índice impedem a comparação.

“Portugal ainda consegue ficar no grupo de países com classificação ‘alta’, a mais elevada atribuída, já que nenhum país consegue atingir a classificação ‘mais alta'”, segundo a Zero.

Na comparação com Espanha, Portugal está vinte lugares acima no índice, e três lugares também acima do conjunto da UE.

Este ano, o índice é liderado pela Suécia, seguida pela Lituânia e Marrocos, enquanto o grupo com desempenho médio inclui Brasil, Alemanha, México e Ucrânia. Nova Zelândia, Holanda e Áustria estão classificados como tendo baixo desempenho.

A Arábia Saudita, República Islâmica do Irão, a República da Coreia, a Austrália e os Estados Unidos, estão entre os piores classificados.

Da análise dos resultados para Portugal, conclui-se que já deveria ter emissões de gases com efeito de estufa por cada cidadão “um pouco inferiores” àquelas verificadas em 2015, quando se registou um aumento relacionado com a recuperação económica.

“Precisam de estar bem abaixo se tivermos em conta os compromissos assumidos pelo país no contexto europeu para 2030”, estando “longe do necessário para um cenário” de aumento de temperatura abaixo de dois graus Celsius (2ºC), como está fixado no Acordo de Paris.

Apesar do desempenho “excelente” no que respeita à produção de eletricidade renovável, quando comparada com o total da energia primária consumida, a percentagem desce “e é ainda reduzida (cerca de 22,6% em 2015)”, refere a informação divulgada pela Zero.

Nos aspetos positivos, é focado que o consumo de energia ‘per capita’ está em linha com o que é necessário para garantir a subida de temperatura abaixo de 2ºC, tal como acontece com as previsões para 2030.

Os peritos também fizeram uma boa avaliação das intenções do Governo de tornar o país neutro em carbono em 2050 e de ser um dos Estados europeus a mostrar mais ambição no cumprimento das metas de eficiência energética e de renováveis.

Nesta área, “só ficou atrás de Marrocos, China e França”, realçam os ambientalistas.

A Zero lista algumas recomendações a Portugal no sentido de subir posições neste índice, principalmente relacionadas com a descarbonização do país.

Acabar com o carvão na produção de eletricidade, aumentar fortemente o recurso a energia renovável, apostar no transporte público de emissões reduzidas, promover a eficiência energética e florestar o país de forma sustentável são algumas das propostas.