A noite que os italianos descrevem como o “apocalipse” que apagou a seleção do mapa do Mundial seis décadas depois girou muito em torno de Gianluigi Buffon, o monstro das balizas que acabou um trajeto de 20 anos na squadra azzurra da forma mais cruel possível. E já se falou de muito: as saídas dos pesos pesados, o falhanço do técnico Gian Piero Ventura (que entretanto saiu do cargo com quase um milhão de euros de indemnização), os problemas de base do futebol de formação transalpino, o fim de era dos dirigentes, até uma teoria tipo efeito borboleta que provocou o caos por causa de um golo do herói nacional Éder, em 2015.

Buffon chorou, pediu desculpa e disse adeus. Mas antes deixou (mais) dois grandes exemplos

Ainda assim, havia mais para contar. E não, não estamos a falar da imagem que correu mundo onde o selecionador sueco, Janne Andersson, andava a limpar e arrumar o balneário da equipa depois da festa. Daniele De Rossi, outro dos consagrados que abandonou a seleção, protagonizou uma história ainda agora comentada pelos escandinavos.

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Depois do episódio polémico no banco de suplentes, em que se recusou a seguir para aquecimento (com a frase “Porque raio, mas porquê eu? Nós não precisamos de empatar, precisamos é de ganhar!”, dirigida a um dos adjuntos de Ventura), o médio assumiu o sucedido, pediu desculpas caso tivesse ofendido alguém e expressou o que lhe ia na alma: “Para mim, a camisola da azzurra é como uma segunda pele, mas depois disso fui para o aquecimento e não escondo que gostaria de ter entrado. É um momento negro para o nosso futebol e para nós. Chorámos tanto… Embora ninguém tenha morrido, era o momento de uma vida e foi doloroso”.

“Mas porquê eu? Não precisamos de empatar, é de ganhar!”, disse De Rossi no banco

Ainda assim, e perante o ambiente dramático e pesado que se viveu no balneário transalpino, De Rossi não esqueceu os assobios ao hino da Suécia antes do início do encontro e, depois de Buffon ter aplaudido logo na altura para tentar “minimizar” o impacto da atitude, o médio da Roma deslocou-se ao autocarro do conjunto escandinavo para pedir pessoalmente e em nome do grupo desculpas pelo sucedido.

“Só pensávamos ‘Uau, mas isto acabou mesmo de passar-se?’. Foi um dos melhores momentos que vivi em muito tempo, é um verdadeiro capitão de equipa. E além de nos dar os parabéns, desculpou-se também de alguns excessos que os jogadores tiveram no jogo da primeira mão”, disse Pontus Jansson ao jornal Expressen. “É verdade, grande respeito! Agradecemos pelo gesto, foi uma ação enorme de um grande jogador mesmo depois de terem sido eliminados do Mundial”, acrescentou Andreas Granqvist ao Aftonbladet.

“Esteve muito bem, isto é o futebol no seu melhor. Podemos lutar dentro de campo e o jogo pode transformar-se numa pequena guerra, mas depois apertam-se as mãos. Tenho um grande respeito pelo tipo de comportamento que De Rossi teve”, rematou o selecionador sueco, Janne Andersson, que não estava na altura no autocarro.