O panorama da educação em Portugal tem vivido períodos conturbados, levando, por exemplo, várias centenas de professores à manifestação que na última quarta-feira, 15 de novembro, se realizou em frente à Assembleia da Republica. Foi a propósito destes recentes tumultos que Carlos Silva, líder da UGT, aceitou falar com o Público e a Rádio Renascença .

“Foi a primeira vez que enviei uma mensagem ao primeiro-ministro a dizer ‘é preciso sentarmo-nos à mesa, porque ainda há tempo de evitar ou mitigar este conflito'” – é assim que Silva descreve aquele que, muito provavelmente, foi o desbloqueador necessário para que o Governo aceitasse conversar com os sindicatos. Tanto a UGT como a CGTP já haviam tentado abrir linhas de comunicação com o executivo liderado por António Costa, mas o facto de este ter demorado “tanto tempo a receber os sindicatos” e de ter chegado a existir uma carta “inaceitável” onde o Ministério da Educação recusava receber o sindicalistas, só dificultaram ainda mais as negociações.

Sobre esta troca de SMS, Carlos Silva começa por dizer que apesar de nunca ter ligado ao Primeiro Ministro “para fazer fretes e abrir portas a quem quer que fosse”, sentiu que era imperativo fazer qualquer coisa, daí ter enviado uma mensagem onde, segundo o próprio, se lia “é preciso sentarmo-nos à mesa”. Costa acedeu, ligando ao líder sindicalista no próprio dia, perto “das 23h”, acompanhado “da sua equipa de Finanças”.

Carlos Silva chegou a explicar que a polémica em torno da reposição do valor devido, referente a oito anos de carreiras congeladas, pode vir a ser restituído ao longo de “de futuras legislativas”, dado que Costa lhe terá dito que o Governo não tem “dinheiro para pagar 650 milhões a todos”. Porém, Silva deposita esperança na capacidade negociadora de Costa e afirma não ter “grandes dúvidas” de que se ambas as partes chegarem a acordo, que o primeiro-ministro irá conquistar quatro anos de paz social.

O responsável pelos desígnios da UGT também deu a entender que este conflito entre o Executivo e os professores não terá sido beneficiado pela “inexperiência” de “alguns membros do Governo”. Quando questionado mais a fundo sobre essa declaração, Carlos Silva afirmou que o Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, pode ser “um grande investigador e académico”, mas isso não consegue ainda colmatar a “falta de peso político”.

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