O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, considerou esta quinta-feira ser “fundamental” estimular o interesse pela história e um “imperativo” divulgar o legado de Aristides Pereira, o primeiro chefe de Estado do país, falecido em 2011. “A divulgação de figuras como Aristides Pereira e outras e o seu papel na luta que conduziu à independência é um imperativo que deve ser seguido por todos”, considerou Jorge Carlos Fonseca.

O chefe de Estado cabo-verdiano falava, na cidade da Praia, na abertura de um simpósio internacional para recordar e homenagear Aristides Pereira, primeiro Presidente da República de Cabo Verde, entre 1975 e 1991, que se fosse vivo completaria 95 anos na sexta-feira.

Segundo Jorge Carlos Fonseca, a divulgação deve ser feita por todos, nas escolas, nas universidades, nas novas gerações, tanto em Cabo Verde como na diáspora, por pessoas singulares, detentores de cargos públicos, entidades colectivas e institucionais.

“É fundamental estimular o interesse pela nossa história, sobretudo através da investigação, de um período tão rico, como foi o da gesta libertadora”, prosseguiu o estadista cabo-verdiano, que considerou, por isso, que o simpósio é uma “importante iniciativa”.

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No seu discurso, numa sala cheia das mais altas personalidades cabo-verdianas, representante de outros países, corpo diplomático, académicos, sociedade civil, Jorge Carlos Fonseca traçou a trajetória política de Aristides Pereira, desde a luta pela independência, juntamente com Amílcar Cabral e outros combatentes, até a construção do Estado, após a independência do país, em 1975.

A nível da sua personalidade, Fonseca destacou o equilíbrio, ponderação e carácter moderado, bem como a “capacidade mobilizadora”, durante o exercício das suas funções, e já mesmo depois de retirado da vida política activa, no início dos anos 1990.

O simpósio é uma iniciativa da Fundação Amílcar Cabral, presidida pelo ex-Presidente cabo-verdiano Pedro Pires, que, no seu discurso, também enfatizou o percurso político e humano de Aristides Pereira, desde a sua infância, estudos, mobilização política, luta pela independência e seu percurso enquanto primeiro chefe de Estado cabo-verdiano.

Pedro Pires, que antecedeu a Jorge Carlos Fonseca na presidência cabo-verdiana, sublinhou ainda o “discurso moderado” de um “homem tranquilo”, de “elevado sentido de Estado” e de “elevada integridade moral”, que “levou Cabo Verde a África e trouxe África para Cabo Verde”.

O presidente da Associação dos Combatentes da Liberdade da Pátria (ACOLP), Carlos Reis, destacou a singularidade, serenidade e percurso de vida de Aristides Pereira, uma “figura incontornável para a história” e “sempre disponível” para defender a luta de Cabo Verde e da Guiné-Bissau.

O presidente da ACOLP, parceira na organização do simpósio, sublinhou também o “exemplo de cidadão patriota”, que foi o “pai da independência” de Cabo Verde, e seu papel na construção da paz e estabilidade em África.

A sessão de abertura contou ainda com uma mensagem de Carlos Pereira, representante da família, que recordou Aristides Pereira como um “cidadão das ilhas” e um “irmão” de Amílcar Cabral, pelo que considerou o simpósio uma homenagem “muito merecida”.

Durante quatro dias, académicos e investigadores da história de libertação nacional da Guiné-Bissau e Cabo Verde irão debruçar-se sobre o percurso de Aristides Pereira, no simpósio com título “Recordando o Homem, edificando a história”.

Além do simpósio internacional, está igualmente patente uma exposição sobre a vida e obra do primeiro Presidente da República de Cabo Verde, que morreu aos 87 anos, e visitas a vários locais relacionados com o seu percurso, na cidade da Praia e na Boavista, ilha onde nasceu.