O presidente do Sindicato Independente dos Agentes de Polícia disse à Lusa que “é normal” que os agentes da PSP envolvidos na morte de uma mulher durante uma perseguição policial quarta-feira em Lisboa sejam constituídos arguidos. “É normal que sejam constituídos arguidos, uma vez que foram efetuados vários disparos. Nem precisei confirmar se foram constituídos arguidos porque nestes casos, sejam polícias ou não, é chapa cinco”, disse à agência Lusa Carlos Torres, presidente do SIAP.

Carlos Torres referiu que, dos sete agentes envolvidos na ocorrência, cinco pertencem ao sindicato por si presidido, que colocou à disposição destes os apoios jurídico, social e psicológico. “Dos agentes envolvidos houve um que acertou, agora será feita a recolha do invólucro e a análise balística. Depois de efetuada a análise é normal que os agentes passem a testemunhas no processo”, referiu.

O presidente do SIAP disse que, dos sete envolvidos, um dos agentes não será constituído arguido, por não ter puxado da arma. “Um dos agentes não será constituído arguido, uma vez que se trata do agente que foi assistido e não puxou da arma. Agora terá sempre que ser aberta uma investigação pelo Ministério Público, mesmo em caso de legítima defesa”, salientou.

Carlos Torres acrescentou que falou com um dos agentes envolvidos na ocorrência. “Falei com um dos envolvidos mais de uma hora ao telefone e estava a chorar e muito em baixo. Ninguém fica bem depois de uma situação destas, ainda para mais porque a pessoa ao lado não tinha culpa dos atos do condutor”, defendeu.

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A Inspeção-Geral da Administração Interna abriu um inquérito para apurar em que circunstância ocorreu a morte de uma mulher durante uma perseguição policial esta madrugada em Lisboa, anunciou o Ministério da Administração Interna. “A Inspeção-Geral da Administração Interna determinou a abertura de um inquérito para apuramento dos factos relacionados com a ocorrência que teve lugar na madrugada de hoje, da qual resultou a morte de uma cidadã na sequência de uma intervenção policial”, refere o MAI, em comunicado.

Numa nota divulgada pouco antes, a PSP informou ter determinado a instauração de um processo de averiguações para apurar as circunstâncias da morte da mulher, baleada acidentalmente. O Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP diz, em comunicado que, às 03h05, no Pragal, concelho de Almada (distrito de Setúbal), ocorreu um furto por arrombamento, pelo método de explosão, a uma caixa multibanco, após o qual os assaltantes se colocaram em fuga na direção de Lisboa.

“Na Segunda Circular, em Lisboa, no sentido Benfica-Sacavém, foi detetada uma viatura suspeita com as características correspondentes à viatura usada no furto. Os suspeitos que se faziam transportar na viatura, ao detetarem a presença policial, encetaram, de imediato, fuga na direção da Rotunda do Relógio, circulando em diversas vias a alta velocidade e em contramão, colocando em perigo todas as pessoas que ali se encontravam”, explica o Cometlis.

Já nas imediações do Aeroporto Humberto Delgado, refere a nota, “foram efetuados por parte dos suspeitos diversos disparos com arma de fogo contra os agentes da PSP que os perseguiam, ao que estes ripostaram, igualmente recorrendo a arma de fogo”.

Pelas 03h35, na zona da Encarnação, foi detetada por elementos policiais “uma viatura que aparentava corresponder às características da viatura suspeita, cujo condutor desobedeceu à ordem de paragem”, segundo o Cometlis. “Esta viatura, durante a fuga, tentou atropelar os polícias, que tiveram de afastar-se rapidamente para não serem atingidos e, em ato contínuo, os polícias foram obrigados a recorrer a armas de fogo. Mais à frente, a viatura voltou a desobedecer à ordem de paragem por outra equipa de polícias, tendo sido intercetada pouco tempo depois”, relata o comunicado.

A bordo seguiam o condutor e uma mulher “ferida por impacto de projétil de arma de fogo”, que acabaria por morrer no local. “O homem que conduzia a viatura foi detido por condução sem habilitação legal, por desobediência ao sinal de paragem e por condução perigosa”, indica o Cometlis, sublinhando que a Polícia Judiciária foi “de imediato” chamada ao local. A PSP “lamenta a morte da cidadã envolvida na ocorrência”.