A manifestação dos Partidos Políticos Democráticos da Guiné-Bissau contra o chefe de Estado guineense decorreu esta sexta-feira sem registo de qualquer incidente e com a presença discreta das forças de segurança, apenas visível na zona da Presidência.

Milhares de pessoas protestaram entre a Chapa de Bissau, na avenida que liga o centro da cidade ao aeroporto nacional, até à União Desportiva Internacional de Bissau, junto à Praça dos Heróis Nacionais, onde fica situada a Presidência da República guineense.

O reforço das forças de segurança guineenses só era visível nas zonas de acesso à Presidência. A Ecomib, força militar da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental estacionada no país, e que garantiu a segurança da manifestação, também era pouco visível.

No comício realizado na zona da UDIB, o Coletivo dos Partidos Políticos Democráticos guineense exigiu a demissão do Governo e o cumprimento do Acordo de Conacri, reafirmando que rejeitam eleições organizadas pelo atual executivo.

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“Este Governo não vai organizar eleições, porque este Governo não foi escolhido pelo povo para nada”, afirmou Domingos Simões Pereira, presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde.

Antes do discurso de Domingos Simões Pereira, Nuno Nabian, presidente da Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau, afirmou que a manifestação de quinta-feira foi uma “vitória da democracia”.

“Mostramos ao Jomav (forma como é tratado o Presidente guineense, José Mário Vaz) que não temos medo de ninguém. Foi uma vitória da democracia”, disse Nuno Nabian, que esta sexta-feira completa 51 anos e teve direito a que os manifestantes lhe cantassem os parabéns.

Quando o comício terminou, cerca das 12h30, as pessoas dispersaram serenamente.

O atual Governo da Guiné-Bissau não tem o apoio do partido que ganhou as eleições em 2014, o PAIGC, e o impasse político tem levado vários países e instituições internacionais a apelarem a um consenso para a aplicação do Acordo de Conacri.

O Acordo de Conacri, promovido pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, prevê a formação de um governo consensual integrado por todos os partidos representados no parlamento e a nomeação de um primeiro-ministro de consenso e da confiança do chefe de Estado, entre outros pontos.