De Portimão ao Porto, distam uns 548 quilómetros e tal. No Dragão, a diferença futebolística é menor. Muito menor. E o Portimonense que o diga. À entrada para o minuto 90, a vitória está assegurada (2-1) e o escândalo é uma certeza. O caso nem é para menos: o Porto, líder invicto do campeonato nacional à 11.ª jornada, está a caminho de ser eliminado na 4.ª eliminatória em casa, e pelo segundo ano seguido. E depois? O árbitro dá sete minutos de descontos e o Porto aproveita essa brecha temporal para dar a volta ao marcador, através dos africanos Aboubakar e Brahimi. Os suspeitos do costume, vá.

Vamos com calma, porque o jogo começa muito antes do apito inicial do árbitro Artur Soares Dias, com o regresso de Casillas à titularidade. Tal como o de Óliver – é a invasão espanhola no onze portista. Antes sequer de Casillas tocar pela primeira vez, o Porto abre o caminho para a vitória na sequência de um canto de Alex Telles, aos cinco minutos. Danilo, sempre oportuno, desvia e a bola entre por entre as pernas de Carlos Henriques. Pronto, o mais difícil está feito, 1-0. O Portimonense reage timidamente, o Porto continua acelera. Tanto assim é que Carlos Henriques nega o 2-0 a André André (18′) e Corona (25′).

Neste ram-ram, o Portimonense do sempre audaz Vítor Oliveira (sem o estratega Paulinho, daí a opção pelo 4-1-4-1 com o japonês Nakajima bem solto lá na frente) provoca o primeiro esgar de surpresa. Canto curto, remate de Nakajima e Wellington a fazer o 1-1 por entre as pernas de Casillas. Até final da primeira parte, nota-se o crescimento do Portimonense, mais assertivo que nunca. Daí que Casillas faça duas defesas, ambas a remates de Nakajima, contra nenhuma de Carlos Henriques. O Porto encolhe-se e assim continuará durante a segunda parte. Pelo menos, até à saída de Hernâni. Pois é, se Corona é um vendaval de futebol, Hernâni perde bolas atrás de bolas. A última vez acontece aos 51′. Ato contínuo, Conceição chama Brahimi e o Porto chega-se à frente, na procura do 2-1.

Qual quê, o Portimonense provoca o segundo esgar de surpresa com um golo do meio da rua de Pedro Sá. Que golo, senhores. O pontapé é indefensável para Casillas e o Porto vê-se na esquisita situação de derrotado. Exceção feita aos grandes, o último clube a marcar dois golos na casa do Porto para a Taça é ainda nas Antas, veja bem – Braga em Janeiro 2002. Vem então ao de cima a categoria do Portimonense, que, curiosamente (ou talvez não), já havia marcado duas vezes no Dragão esta época, durante a derrota inequívoca por 5-2. O onze de Vítor Oliveira segura a vantagem com mestria, bem longe da baliza de Carlos Henriques. Também é de louvar a atitude de Conceição: em situação de desvantagem, lança o jovem André Pereira dos bês para o lugar de André André. Pouco depois, entra Layún por Corona.

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Seguem-se momentos de tensão alta. O Portimonense vê-se reduzido a dez elementos aos 78′, por expulsão de Felipe Macedo numa falta sobre Danilo (duplo amarelo), e o Porto joga os últimos dez minutos sem Conceição. Então? O treinador é expulso por protestos pelo carrinho de Rúben Fernandes sobre André Pereira. Nada é, jogo limpo. O pessoal pede penálti. Em vão. Artur Soares Dias manda seguir e dá sete minutos de descontos. Aparece então Aboubakar no meio dos centrais, a corresponder de forma certeira a uma bela abertura de Alex Telles. Pormenor: mais uma vez, a bola entra por entre as pernas de Carlos Henriques. Dois-dois, cheira a prolongamento.

Brahimi nega-se a jogar mais meia-hora e acaba com as dúvidas aos 90’+6, num lance atabalhoado em que Jadson domina mal e Aboubakar deixa escapar a bola por baixo do pé. No quadradinho seguinte, Brahimi está na cara de Carlos Henriques e faz o 3-2 final. É a segunda cambalhota do jogo. Partidazo, na língua dos regressados Casillas e Óliver. E dos habituais titulares Marcano e Rosell.

Estádio do Dragão, no Porto
Árbitro Artur Soares Dias (Porto)
FC PORTO Casillas; Ricardo, Felipe, Marcano e Alex Telles, Danilo, Óliver e André André (André Pereira, 69′); Hernâni (Brahimi, 52′), Aboubakar e Corona (Layún, 75′)
Treinador Sérgio Conceição (português)
PORTIMONENSE Carlos Henriques; Hackman, Felipe Macedo, Rúben Fernandes, Lumor; Uri Rosell, Pedro Sá e Tabata (Marcel Pereira, 86′); Dener (Ewerton, 64′), Wellington (Jadson, 78′) e Nakajima
Treinador Vítor Oliveira (português)
Marcadores 1-0, Danilo (5′); 1-1, Wellington (30′); 1-2, Pedro Sá (69′); 2-2, Aboubakar (90′); 3-2, Brahimi (90’+5)
Indisciplina: expulsão do portimonense Felipe Macedo (78′, duplo amarelo)