“Andou literalmente aos bonés, parecia um cata-vento”, disse Luís Marques Mendes, no comentário dominical da SIC, a propósito da gestão governamental no caso da contagem de tempo de carreira dos docentes. “Foi uma semana muito má para o Governo na gestão do dossiê professores”, avaliou o comentador, que considerou haver “uma crise séria de autoridade dentro do Governo”. O ex-líder social-democrata ainda anteciparia que a Agência Europeia do Medicamento não viria para o Porto.

Para Marques Mendes, este tornou-se no “padrão habitual”, em que tudo se gere “de uma fora um pouco caótica”. Mas entende que ao estabelecer um acordo com os sindicatos, o Governo conseguiu “desligar o assunto do Orçamento”, o que foi um ganho, embora na sua opinião se repita o padrão de ser “António Costa a empurrar com a barriga”. Na leitura que faz, também considera que “os sindicatos, hábeis, ganharam o princípio de que o tempo passado pode contar para contagem de tempo” e que, “de acordo com este princípio, o cronómetro pode ter efeitos retroativos”.

As palavras mais críticas foram para Mário Centeno. Marques Mendes diz que “o ministro das Finanças devia explicar” a mudança de posição do Governo, ou a sua mudança de posição ao longo da semana em relação a este tema. Chegou a classificar o ministro das Finanças como “um pândego”, a propósito das suas alegadas contradições.

“A partir de agora, a vida do Governo vai ser um tormento nesta matéria”, prevê. “O Governo lida mal com estas matérias por uma razão: semeou facilidades ao longo de dois anos. Chapa ganha, chapa distribuída, e foi criando a ilusão de que era tudo fácil. Mas quem semeia facilidades, colhe dificuldades”, diz o ex-líder do PSD. “E agora vai ser de facto um grande tormento, porque se criou a ideia de que acabou a austeridade e que há folga para tudo”.

O comentador chegou a realçar a justiça das medidas de devolução de rendimentos, mas sublinhou o nível da dívida do país e a necessidade de “continuarmos a pedir dinheiro emprestado ao estrangeiro todos os anos”. Marques Mendes evidenciou ainda que, no seu entender, há uma distorção entre o tratamento dado aos funcionários públicos e aos privados: “Para o país ligado ao Estado, parece que a austeridade acabou. Relativamente ao outro país, o do setor privado, dos trabalhadores por contra de outrem, dos trabalhadores independentes, esses não veem essa melhoria”.

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