O ultramaratonista inglês Scott Cunliffe tornou-se no final da noite de domingo o primeiro atleta a correr entre a costa norte e a costa sul de Timor-Leste, completando mais de 125 quilómetros em menos de 24 horas. Um pequeno grupo de apoiantes, incluindo alguns que acompanharam Cunliffe ao longo de toda a prova, reuniu-se ao final da noite em frente ao Palácio do Governo, em Díli, onde um marco de pedra que assinala o ‘quilómetro zero’ serviu como meta da corrida.

Exatamente às 23:15 minutos de domingo, 23 horas e 37 minutos depois de partir da costa sul, Scott Cunliffe, de 43 anos, terminou os mais de 125,5 quilómetros entre as duas costas da ilha. A viagem entre a costa sul, o Tasi Mane (Mar Homem), a sul da vila de Cassa, e Díli, cidade banhada pelo Tasi Feto (Mar Mulher) deveria, inicialmente, ter incluído uma subida e descida aos quase 3.000 metros do monte Ramelau.

Cunliffe explicou que optou por desistir porque o seu cálculo inicial da rota ficou muito acima do esperado (mais 15 quilómetros) e que subir e descer o Ramelau aumentaria ainda mais uma corrida já muito além do máximo que o corredor tinha corrido até agora, 102 quilómetros.

“Errei nos meus cálculos e subir ao Ramelau ia aumentar ainda mais a distância muito além do que eu achava que conseguia e por isso optei por não o fazer”, explicou.

“O importante era fazer costa a costa. Viajar da costa sul até Díli. Sendo que o principal objetivo é trazer mais aventureiros, mais corredores, mais pessoas que gostem de escalada, até Timor-Leste”, afirmou.

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Ainda que grande parte das estradas de Timor-Leste esteja por recuperar, os investimentos dos últimos anos implicam que muitas já foram ou estão a ser alvo de intervenção.

Daí que, explicou à Lusa à chegada, o facto de muitas das estradas estarem alcatroadas ter sido um dos maiores desafios.

“Mais de metade foi em asfalto e isso cansa muito. Preferia estradas mais macias, mas foi o que foi”, disse.

Cunliffe, que esteve como observador no referendo de independência de Timor-Leste em 1999 – depois trabalhou no país novamente entre 2003 e 2008 – está atualmente a viajar por vários países onde dá formação em ultramaratonas e provas de corrida de largas distâncias.

“Correr uma ultramaratona é muito duro. Ao ritmo de uma maratona só muito poucos o conseguem fazer. Mas mesmo mais lentamente, a partir aí dos 60 ou 70 quilómetros torna-se muito difícil”, explicou.

“O principal é uma questão mental, manter uma atitude positiva. Temos que praticar, acumular quilómetros para nos prepararmos. Este ano já fiz várias grandes corridas. O teu corpo começa a ganhar força e capacidade”, explicou.

Neste caso, conseguiu correr cerca de 70% dos primeiros 75 quilómetros mas depois só conseguiu correr 20% dos últimos 50 quilómetros, com o cansaço a acumular-se significativamente no final da corrida, disse.

O clima até ajudou, com a madrugada a manter-se sem nuvens e com céus estrelados, céus azuis durante o inicio do dia e depois, no período mais quente, nuvens e chuvas que ajudaram a refrescar o ambiente.