O novo vice-presidente da Global Media, Paulo Rego, afirmou esta quarta-feira que Macau vai dirigir a rede externa do grupo, cuja ambição é conquistar quotas de mercado nas áreas digitais e no espaço económico que representa a língua portuguesa.

“A Global Media abre juridicamente em Macau e faz um acordo estratégico de parceria com o Plataforma”, disse à Lusa o ainda diretor do semanário bilingue (português-chinês) da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM).

Paulo Rego disse ainda que o grupo, que inclui entre outros o Jornal de Notícias, o Diário de Notícias e a rádio TSF, vai assinar outra parceria estratégica no território, mas escusou-se a adiantar pormenores.

“A Global Media tem a ambição de montar uma rede externa e tem a ambição de crescer para a economia da língua” portuguesa, com mais de 250 milhões de falantes em todos os continentes, acrescentou o vice-presidente do conselho de administração.

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É esta a visão que interessa ao empresário de Macau Kevin Ho, um dos três acionistas do grupo KNJ que adquiriu 30% da Global Media a 17 de outubro, e por isso o centro da rede externa da Global Media vai ser montado na RAEM.

Portugal não conseguiu encontrar relações de parceria com o mundo lusófono eficazes e consistentes, considerou.

Para Paulo Rego, esta é uma força que a China percebe melhor que Portugal.

Além da expansão do grupo para novos mercados na sua geografia natural, o responsável apontou a necessidade de um novo modelo de negócio, apoiado na migração para o digital.

“A requalificação da Global Media passa, obrigatoriamente por uma profunda migração para a produção de conteúdos digitais”, afirmou.

Paulo Rego acrescentou que a criação de valor desses conteúdos é agora a principal preocupação.

“É preciso proteger o jornalismo, encontrando formas de o pagar”, disse. A rede externa é uma das âncoras do projeto, que permitirá a expansão de um mercado com muitas limitações, o português, para um de 250 milhões de pessoas e de relações institucionais com vários Estados, no âmbito da Lusofonia.

“Temos naturalmente oportunidades de fazer muitas coisas que não se podem fazer em Portugal”, reiterou.

Acionista de 23,36% do capital da Lusa, o novo administrador da Global Media afirmou estar interessado em que a agência noticiosa recupere “aquilo que devia ser”: o “centro da revolução multimédia” no país e “da internacionalização dos conteúdos em português”.

Como acionista, a Global Media tem todo o interesse em ajudar a Lusa a desenvolver-se, afirmou.

“Não pretendemos imiscuir-nos na gestão da Lusa e pretendemos dizer isto em público e privado todos os dias”, sublinhou.

Em declarações ao portal Macau News Agency na terça-feira, Kevin Ho afirmou que a expansão para os países de língua portuguesa fazia parte dos planos.

“Gostávamos de trabalhar com a Lusa de forma complementar e partir para diferentes países lusófonos”, disse o empresário.