O submarino argentino ARA San Juan está desaparecido desde 15 de novembro, dia em que comunicou pela última vez com a base para informar de uma avaria elétrica. Desde então que nada se sabe do submarino e dos 44 tripulantes a bordo, que, presumindo que não tenha acontecido um acidente grave (as últimas notícias dão conta de uma explosão), tentam sobreviver. As autoridades acreditam que os marinheiros estão preparados para viver sob o stress de se encontrarem incomunicáveis. Em condições normais, a vida dentro de um submarino já não é fácil — e o treino também não foi.

A disciplina é um fator fundamental para suportar o regime metódico a que a tripulação é submetida. Em termos de trabalho, a equipa está dividida por “tarefas de navegação, máquinas e operação”, conta à BBC Mundo o vice-presidente da Liga Naval Argentina, Fernando Morales.

O que têm de fazer os marinheiros do submarino argentino para sobreviver?

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Seja para dormir ou para comer, os tripulantes têm de cumprir turnos. No sonos, o sistema é o das “camas quentes”, diz Morales. O método é simples: enquanto uns dormem, outros trabalham. Porquê? Não só porque um submarino requer atenção constante, mas também porque “não há camas para toda a tripulação”, explica o perito.

O espaço é um dos maiores problemas para a maioria das atividades a bordo. Fernando Morales diz que os marinheiros estão preparados, pois “todos treinam para resistir a largos períodos de confinamento”. Contudo, a falta de espaço impede, por exemplo, que todos possam estar em pé ao mesmo tempo e obriga a cuidados especiais na alimentação.

Além de também não poderem comer todos ao mesmo tempo – dividem os turnos consoante as tarefas de cada um -, a dieta tem de ser “bastante equilibrada e baixa em calorias” devido à falta de espaço para se praticar exercício físico.

Como se procura um submarino, uma “arma discreta” feita para não ser encontrada?

O submarino ARA San Juan tem 66 metros de comprimento e 7,3 de largura. No entanto, a tripulação só consegue mover-se em 30 metros de comprimento e pouco mais de metro e meio de largura pois “tudo o resto está ocupado pelas equipas” e pelo equipamento, conta Morales, que conhece o submarino perdido.

Para se fazer parte da tripulação, os marinheiros têm de passar pela escola de submarinos e fazer uma série de exames físicos, psicológicos, médicos e académicos para se tornarem oficialmente submarinistas. Mas ‘só’ isso não basta: todos os anos têm de fazer novas provas para se manterem como tal.

Oxigénio dentro do submarino desaparecido pode estar no limite

O ‘prazo de sobrevivência’ dado ao submarino pelos especialistas termina esta quinta-feira. De momento há 12 países a ajudar nas operações de busca – Colômbia, Chile, Peru, Brasil e Uruguai, Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, França, Alemanha, Noruega e Itália. Segundo o El Confidencial, foi detetado um ponto de calor que pode estar relacionado com a presença de um objeto metálico a 70 metros de profundidade e a 300km da costa argentina.