Quase 30 mil pessoas vítimas de violência doméstica, na maioria mulheres, foram apoiadas pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, entre 2013 e 2016, segundo dados divulgados esta sexta-feira.

Em 2013, foram apoiadas 7.271 vítimas, em 2014, 7.238, em 2015, 7878, número que baixou para os 7.232 no ano passado, precisam as estatísticas da APAV divulgadas a propósito do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, que se assinala no sábado.

No total, neste período, a associação desenvolveu 29.619 processos de apoio a vítimas de violência doméstica, que se traduziram em 71.098 factos criminosos.

Em média, a APAV ajudou 20 vítimas de violência doméstica por dia. Do total das pessoas apoiadas, 25.341 eram mulheres (85,5%) e 4.128 homens (13,9%). Em 150 casos não é especificado o sexo das vítimas (0,51%).

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Segundo as “Estatísticas APAV — Vítimas de Violência Doméstica 2013-2016”, a grande maioria dos casos (95,4%) foram atos criminais, como maus-tratos psíquicos (38,1%), físicos (26,5%%) e ameaças ou coação (17,3%).

A APAV apoiou ainda 120 casos de abuso sexual de crianças, 37 de abuso sexual de menor dependente e 13 de abuso sexual de “pessoa incapaz de resistência” e registou 16 homicídios.

Foram ainda relatados à associação 210 casos de violação, 82 de “subtração de menor” e 197 de coação sexual.

A maior parte das vítimas (40%) tinha idades entre os 26 e os 5 anos, eram sobretudo casadas (34,3%) e viviam numa família nuclear com filhos (42,8%).

Os dados mostram também que 3,8% das vítimas (1.670) eram menores de 10 anos e 3,7% (1.396) tinham entre 11 e 17 anos.

As “Estatísticas APAV — Vítimas de Violência Doméstica 2013-2016” indicam ainda que o número de agressores ultrapassou o número de vítimas (29.619), ascendendo aos 30.312.

Em mais de 85% das situações, o autor do crime é homem, com idades entre os 26 e os 55 anos, e é casado.

Analisando a relação da vítima com o autor/a do crime, a APAV concluiu que em 34,2% das situações era o marido ou a mulher, em 15,6% dos casos era o companheiro/a, em 12,5% o filho/a, em 9,2% o ex-companheiro/a e em 8,8% o pai ou a mãe.

“Tendo em conta o tipo de problemáticas existentes, prevalece o tipo de vitimação continuada, em cerca de 80% das situações, com uma duração média entre os dois e os seis anos (17,7%)”, refere o relatório da APAV.

Mas há casos em que a relação de vitimação durava há mais de 40 anos (231 pessoas) e entre 26 e 40 anos (978 pessoas).

A residência comum foi o local onde ocorreu a maior parte dos crimes (65%), seguida da casa da vítima (12,9%), da via pública (8,3%), da casa do agressor (4,6%) e do local do trabalho (2,4%),

As denúncias registadas ficam-se nos 39,4% face ao total dos autores dos crimes assinalados, adianta a APAV.

A APAV salienta que “o fenómeno da violência doméstica contra as mulheres abrange vítimas de todas as condições e estratos sociais e económicos”, sendo também os seus agressores de “diferentes condições e estratos sociais e económicos”.

As vítimas são apoiadas por técnicos da APAV na rede nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima, nas Casas de Abrigo e Unidade de Apoio à Vítima Migrante.