O líder parlamentar do PSD defendeu esta sexta-feira que a maioria de esquerda tem sido uma solução de “manutenção de poder” com “custos fortíssimos para o país”, mas considerou que “a obrigação do Governo é chegar ao fim”.

“A obrigação do Governo é chegar até ao final da legislatura, foi com esse propósito que formaram o Governo. Creio que esta é uma solução que de estabilidade tem tudo, só que um Governo que não cai não é necessariamente um Governo bom para o país”, considerou Hugo Soares à agência Lusa.

Passados dois anos desde a posse do Governo socialista de António Costa, a 26 de novembro de 2015, o presidente da bancada social-democrata disse que “está demonstrado à sociedade” que se trata de uma solução de “manutenção de poder” com “custos fortíssimos” para o país, “sobretudo nas funções essenciais do Estado”.

“O Estado falhou nestes dois anos aos cidadãos naquilo que não podia falhar. Episódios como o de Tancos, as tragédias dos incêndios ou o caso da legionela num hospital do Serviço Nacional de Saúde, demonstram bem que as opções do Governo descuram o país”, exemplificou.

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Além de uma “lógica demagógica de agradar a tudo e a todos na perfeita ilusão de criar a perceção de que o país está melhor”, Hugo Soares considerou que “a construção de lego aleatória em que cada partido tão diferente entre si vai colocando as suas peças não tem coerência na política pública”.

“O Governo não pode fazer reformas estruturais que entende que eram necessárias porque o PCP e o BE [que com o PEV apoiam o Governo no parlamento] não deixam, em questões atuais, como a política europeia de defesa comum. Há partidos que suportam a maioria que são contra aquilo que são opções estratégicas para o futuro da construção europeia”, sustentou.

Questionado sobre o chamado ‘voto útil’ e o precedente de haver um primeiro-ministro de um partido que não foi o mais votado nas eleições legislativas, Hugo Soares respondeu que “a primeira evidência desta solução governativa é que os portugueses sabem hoje que quando votam já não estão a escolher o primeiro-ministro”.

“Podemos dar as voltas que quisermos, mas esta é uma solução que enganou os portugueses. Ninguém disse aos portugueses na campanha eleitoral em 2015 que, se o doutor António Costa perdesse as eleições, como perdeu, formaria Governo com os outros partidos”, afirmou.

Para o líder da bancada do PSD, “a conversa à volta do voto útil não é absolutamente necessária”: “Parece-me evidente, por outro lado, que, quer o PCP quer o BE, foram esmagados nas urnas pelo PS nas últimas eleições autárquicas.”

“A consequência direta desta ‘geringonça’ que nos governa foi a perda de base eleitoral do PCP e do BE”, disse.

Após os acordos à esquerda, no CDS-PP decretou-se o fim do ‘voto útil’, através do então líder, Paulo Portas, da presidente atual, Assunção Cristas, e de dirigentes como Adolfo Mesquita Nunes, sendo um dos temas que marcou o último congresso centrista, em março de 2016.