Um grupo de trabalho está a coordenar intervenções em zonas atingidas pelos incêndios de Góis e Pedrógão Grande cobrindo o solo com caruma ou madeira triturada para evitar a erosão causada pela chuva, segundo o Ministério da Agricultura.

A intervenção terá as vertentes de “estabilização de emergência, controle de infestantes, condução de regeneração natural e arborização onde não ocorrer resposta natural”, refere o Ministério liderado por Luís Capoulas Santos.

Entre os métodos aplicados listados pelo Ministério em resposta a questões da agência Lusa, está a cobertura do solo por caruma ou madeira de pinho ou eucalipto triturada para evitar a erosão provocada pelo impacto da chuva e criar um manto mais propício à regeneração natural.

A colocação de barreiras feitas com pedras embrulhadas em redes ou de feixes de troncos de árvores queimadas é outro dos métodos aplicados, bem como a colocação de lã de coco no solo com sementes, com o objetivo de acelerar a criação de um manto vegetal, explica o Ministério.

O grupo de trabalho é coordenado pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e constituído por quatro instituições do ensino superior (Escola Superior Agrária de Coimbra, Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Aveiro e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro – UTAD), organizações de produtores florestais, gabinetes técnicos florestais dos municípios e Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente (ANEFA).

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Desde os incêndios de junho e de outubro, que provocaram pelo menos 115 mortes e destruíram vastas áreas de floresta, além de casas e empresas, várias entidades, como câmaras municipais e especialistas, vêm alertando para a necessidade de consolidar os solos de modo a evitar que as primeiras chuvas arrastem a camada superficial, mais rica.

O Ministério da Agricultura explica que as unidades de investigação das instituições de ensino superior estão a estudar e a desenvolver ferramentas e métodos que podem ser aplicados pelos agentes locais.

Aqueles métodos são desenvolvidos na estação-piloto para a recuperação das áreas ardidas do Baldio de Alge, na fronteira entre os concelhos de Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera.

O Ministério da Agricultura recorda que lançou três concursos, financiados pelo PDR2020 (Programa de Desenvolvimento Rural), para medidas de estabilização de emergência, com uma dotação de 49,7 milhões de euros.

Nos dois primeiros concursos, no total de 26,2 milhões de euros, foram apresentadas mais de uma centena de candidaturas de municípios, juntas de freguesia, associações florestais e associações de baldios afetados pelo grande incêndio de Pedrógão Grande e pelos incêndios de julho e agosto.

O terceiro concurso para as medidas de estabilização para os terrenos atingidos pelos incêndios de 15 de outubro, no valor de 23,5 milhões de euros, também já abriu e está a receber candidaturas até 22 de dezembro.