O ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos, afirmou, em entrevista à Lusa, que a seca não vai interferir, de uma forma geral, nos preços dos produtos e apontou que as exportações tenderão a aumentar.

“Estamos a sair de um ano agrícola onde houve excesso da oferta, portanto, não me parece que haja, no imediato, razões que justifiquem o aumento do preço dos produtos. Poderá acontecer pontualmente, por exemplo no queijo da serra, [porque] houve [nos incêndios] uma mortalidade elevada das ovelhas que produzem o leite com o qual se faz o queijo”, referiu.

Sustentando-se nas previsões agrícolas do Instituto Nacional de Estatística (INE) para outubro de 2017, o ministro acrescenta que “as exportações tenderão a aumentar porque houve mais produção do que aquilo do que era esperado“, portanto, não haverá “grandes consequências na balança comercial”.

Capoulas Santos referiu que, na pecuária, é provável que se verifique uma redução dos preços, tendo em conta que têm sido abatidos mais animais do que o “normal”. “Sobretudo se a chuva, como é normal, vier e os pastos começarem a brotar nos campos, creio que a situação, rapidamente, normalizará, sem que isso se traduza num aumento, substancial, dos preços“, sublinha. No entanto, o governante refere que o facto de Portugal integrar um mercado aberto, possibilitará que “em alguns produtos em que possa haver baixa de produção”, possam ser importados, “sem que isso signifique o aumento dos preços”.

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Ministro vai relançar projeto de 25 milhões de euros do regadio no baixo Mondego

Em entrevista à Lusa, o ministro da Agricultura referiu que relançar este sábado o projeto de regadio no baixo Mondego, num investimento de 25 milhões de euros, que deverá estar concluído no final de 2021. “Trata-se de um novo bloco de rega, que irá contemplar cerca de 700 hectares e que está associado a uma vasta operação de emparcelamento agrícola e que orçará em cerca de 25 milhões de euros, com o objetivo de ter o projeto concluído até ao final de 2021″, explicou.

O ministro da Agricultura sublinhou que o programa dos novos regadios vai contar, a curto prazo, com um reforço financeiro, de modo a permitir, até 2023, dispor de mais de 93 mil hectares dedicados a estas culturas. Capoulas Santos avançou ainda que o Governo irá alargar a linha de crédito, com um montante financiável de 140 euros por bovino e 40 euros por ovino, para as explorações agrícolas de maior dimensão, caso existam agricultores que tenham conseguido recorrer ao apoio.

“Avançou-se com uma linha de crédito de cinco milhões e, se ela for esgotada, o Governo não hesitará em alargar o seu montante, até que nenhum agricultor deixe de ter instrumentos para recorrer a esse instrumento de apoio”, disse.

Já no que se refere à alimentação animal, que escasseia devido à seca que o país atravessa, o governante indicou que “o Ministério da Agricultura adquiriu cerca de cinco mil toneladas de alimentos, dos quais, até este momento, [aproximadamente] metade já foi distribuída”.

Questionado sobre a possibilidade dos apoios terem surgido, numa altura em que as consequências provocadas pela seca já se avolumavam, Capoulas Santos vincou que as medidas tiveram início entre setembro e outubro de 2016, aplicadas, na altura, em nove municípios do distrito de Beja. “Foi aberto, imediatamente, um concurso de um milhão de euros para apoiar os agricultores a adquirirem equipamentos para transporte e captação de água. A situação foi-se agravando ao longo do ano e fomos obrigados a alargar esta medida a todo o distrito de Beja e depois a Castelo Branco, Guarda, Bragança, Faro e a alguns municípios de Santarém”.

De acordo com o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, com a passagem de seca fraca para severa ou extrema em algumas regiões, houve ainda a necessidade de recorrer a apoios europeus. “Conseguimos ainda pedir à União Europeia antecipações de pagamentos e isso permitiu-nos avançar com cerca de 70% dos pagamentos do primeiro pilar da PAC (Política Agrícola Comum) e 75% dos pagamentos do segundo pilar que, no seu conjunto, permitiram antecipar pagamentos na ordem dos 500 milhões de euros, no mês de outubro”, concluiu.