Foi já há cinco décadas que o aborto foi legalizado no Reino Unido (a lei foi aprovada a 27 de outubro de 1967, entrou em vigor seis meses mais tarde), mas o assunto continua a não ser pacífico. Depois de há dois anos ter sido noticiada a criação de um movimento pró-escolha para combater nas ruas os grupos de ativistas anti-aborto, que diariamente montam guarda à porta das clínicas privadas onde se realizam interrupções voluntárias da gravidez e assediam e insultam as mulheres que para lá se dirigem, Amber Rudd, secretária de Estado britânica para os Assuntos Internos, anunciou este domingo que o Governo está a ponderar a criação de novas leis sobre o assunto.

“Toda a gente tem o direito de protestar de forma pacífica, mas é completamente inaceitável que alguém se sinta assediado ou intimidado simplesmente por exercer o seu direito legal de aceder a cuidados de saúde e tratamento”, disse Rudd. “A decisão de fazer um aborto já é incrivelmente difícil e pessoal, sem que as mulheres sejam pressionadas por manifestantes agressivos”, completou, abrindo a porta à criação de uma ou de várias novas leis que protejam quem recorre a e também quem trabalha em clínicas de aborto.

À BBC, a deputada trabalhista Rupa Huq, uma das vozes mais reivindicativas sobre a questão, louvou a tomada de posição de Rudd e explicou que a criação de zonas-tampão de cerca de 150 metros em redor das referidas clínicas, onde não sejam permitidas “rezas ou cânticos, nem a exibição de imagens de fetos ou distribuição de panfletos”. “O total anonimato das mulheres que fazem interrupções deve ser protegido, como acontece em qualquer outro procedimento do Serviço Nacional de Saúde”, concluiu.

Antonia Tully, diretora de campanhas da Sociedade Protetora das Crianças por Nascer, negou à BBC qualquer tipo de assédio e garantiu que as “vigílias” à porta das clínicas de aborto podem “salvar” mulheres pressionadas a abortar. “É completamente ridículo sugerir a introdução de novas leis para impedir um pequeno número de pessoas pacíficas que se limitam a rezar à porta das clínicas de aborto e a oferecer folhetos às mulheres. As mulheres não estão a ser assediadas. Os conselheiros pró-vida não podem obrigar uma mulher a não fazer um aborto.”

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