O Presidente da República afirmou esta terça-feira que tem ouvido de empresários e gestores “perplexidades e desmotivações” com “sinais adversos ao investimento empresarial”, que no seu entender “tem sido o preço” da estabilidade da atual solução governativa.

Marcelo Rebelo de Sousa, que falava no encerramento do 1.º Congresso dos Gestores Portugueses, na Culturgest, em Lisboa, considerou que, no plano fiscal, se tem “olhado menos para estímulos empresariais” e prometeu fazer tudo “para que o processo político ajude decisivamente à competitividade”.

O chefe de Estado defendeu uma “reforçada aposta em exportações e investimento, que o mesmo é dizer produtividade e competitividade, que são condições básicas de crescimento, emprego e coesão social” e pediu que se evitem “aventuras em termos de compromissos plurianuais, projetados para além da legislatura”.

“Neste caminho, tenho ouvido algumas vezes a preocupação de empresários e de gestores com o que, a seu ver, são sinais adversos ao investimento empresarial, quer nos impostos, quer nos custos de produção, que acabariam por introduzir ruído e alimentar perplexidades e, sobretudo, desmotivações, não necessariamente compensadas pela subida de rendimentos e consumo, e mesmo pela expansão do turismo ou do investimento externo em certas áreas sensíveis”, declarou.

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Segundo o chefe de Estado, “o ruído, as perplexidades, as desmotivações” que lhe têm sido manifestadas “decorrem de decisões ou medidas inseparáveis do equilíbrio político-institucional vigente”.

“Ou seja, tem sido o preço de uma estabilidade que se tem revelado mais duradoura do que muitos haviam pensado e que o veredito eleitoral local revelou traduzir, para já, a expressão do pulsar político na sociedade portuguesa”, acrescentou, referindo-se às eleições autárquicas de 1 de outubro, em que o PS foi o partido mais votado e com mais autarcas eleitos.

Nesta intervenção, de cerca de quinze minutos, o Presidente da República traçou objetivos para a economia e a sociedade portuguesa: “Garantir estabilidade política, social, laboral, fiscal, credibilidade das instituições, equilíbrio financeiro, criação de condições para crescimento e emprego e redução sustentada da dívida pública e privada externa, sempre preocupados com a competitividade, que não podemos comprometer ignorando o universo que nos rodeia”.

Na sua opinião, “Portugal tem disposto de sensível estabilidade política, social e laboral nos últimos anos”. No entanto, “quanto à estabilidade fiscal, ela tem sido menos marcada, porque tem conhecido passos favoráveis na reposição de rendimentos mais deprimidos ou sacrificados pela crise, mas olhado menos para estímulos empresariais”.

“Realista que sou, não ignoro as dificuldades a vencer e os riscos a enfrentar. Otimista que também sou, sobretudo porque conheço a indomável vontade dos portugueses, tudo farei para que o processo político ajude decisivamente à competitividade, ao crescimento e, portanto, ao sucesso económico”, afirmou, no final do discurso.

Contudo, observou, o sucesso económico “só vale a pena se for social, isto é, se se projetar na vida concreta de todos e de cada um dos portugueses”.