Os trabalhadores da Impresa Publishing exigiram esta quarta-feira a suspensão imediata do processo de “despedimento/rescisões amigáveis” em curso e informação urgente sobre o mesmo. A posição foi assumida num documento aprovado por unanimidade e aclamação num plenário de trabalhadores que decorreu na sede da empresa durante a tarde.

O plenário contou com a participação de Arménio Carlos, secretário geral da CGTP, de uma dirigente da UGT, e da presidente do Sindicato dos Jornalistas, entre outros representantes dos trabalhadores, que com eles se solidarizaram e os informaram sobre os seus direitos legais. É a primeira vez na história da empresa que os sindicatos estão representados ao mais alto nível num plenário da Impresa — o grupo fundado por Francisco Pinto Balsemão que já tem mais de 40 anos, contados a partir da fundação do Expresso.

“Foi uma reunião muito participada e esclarecedora, que contou com a presença de mais de 170 trabalhadores da empresa”, disse à agência Lusa Alexandra Correia, da comissão de Trabalhadores (CT) da Impresa Publishing.

A CT reuniu-se dia 21 com o presidente executivo da Impresa, Francisco Pedro Balsemão, que informou o órgão representativo dos trabalhadores de que o grupo tinha obtido do comprador das suas publicações (Luís Delgado) a informação de que “a esmagadora maioria” dos funcionários diretamente afetos às marcas (jornalistas, pessoal da arte e do secretariado) iriam transitar para a nova empresa.

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No entanto, segundo Alexandra Correia, a CT não recebeu a informação a que tem direito ao abrigo da legislação laboral, sobre o processo de reestruturação da empresa, nomeadamente sobre o número de trabalhadores a dispensar e sobre o número de trabalhadores a transitar com a venda dos títulos.

Em causa está o processo de rescisões em curso na Impresa Publishing, no âmbito das revistas que vão transitar para o novo grupo editorial, depois da proposta de Luís Delgado para comprar estes títulos, negócio que não envolve a totalidade dos trabalhadores.

“Temos conhecimento informal de que cerca de 40 pessoas já foram chamadas e que 16 já saíram”, disse à Lusa a mesma fonte da Comissão de Trabalhadores.

Os prejuízos da Impresa nos primeiros nove meses do ano atingiram os 165 mil euros, uma melhoria face aos 585 mil euros negativos registados em igual período do ano passado.

Nos primeiros nove meses do ano, as receitas totais do segmento ‘publishing’ caíram 3,7% para 34 milhões de euros (subiram 2,5% para 11,7 milhões de euros no terceiro trimestre).

As receitas de circulação aumentaram 0,9% até setembro (17,4 milhões de euros) e 1,8% no terceiro trimestre (6,2 milhões de euros), enquanto as de publicidade diminuíram 3,1% nos nove primeiros meses do ano (14,7 milhões de euros) e entre julho e setembro cresceram 10,5% (cinco milhões de euros).