É quase sempre assim: chega melhor ao clássico quem está… pior.

E quem estava pior? O líder FC Porto vinha de um empate na Vila das Aves — e viu o Benfica golear o V. Setúbal na jornada anterior. Mais: caso perdesse no Dragão, seria ultrapassado pelo rival. Dir-se-ia que sim, que chegaria melhor. Mas não chegou. E viu-se de candeias às avessas durante o começo da primeira parte, durante o primeiro quarto de hora, para ter bola. O Benfica circulava-a a seu bel-prazer. Obrigava os portistas a recolher à defesa.

E até esteve perto do primeiro golo logo no terceiro minuto. Canto de Pizzi à direita, José Sá andou aos papéis, não afastou nem agarrou a bola, e Jonas desviou para uma baliza sem guarda-redes. Ainda é Sá quem, com um golpe de rins, evita o golo.

Mostrar Esconder

FC Porto-Benfica, 0-0

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Jorge Sousa

FC Porto: José Sá; Ricardo Pereira, Felipe, Marcano e Alex Telles; Danilo Pereira, Herrera e Sérgio Oliveira (Otávio, 59’); Marega, Brahimi e Aboubakar (Soares, 76’)

Suplentes não utilizados: Casillas, Maxi, Hernâni, André André e Reyes

Treinador: Sérgio Conceição

Benfica: Bruno Varela; André Almeida, Luisão, Jardel e Grimaldo; Fejsa, Pizzi (Samaris, 65’) e Krovinovic; Salvio, Cervi (Zivkovic, 76’) e Jonas (Jiménez, 85’)

Suplentes não utilizados: Svilar, Lisandro, Seferovic e Rafa

Treinador: Rui Vitória

Golos: Nada a registar

Ação disciplinar: Cartão amarelo a Luisão (37’), Otávio (62’) e Zivkovic (80’); cartão vermelhor a Zivkovic (82’)

O FC Porto, pouco a pouco, e mesmo permitindo a posse (aos 15’ estava nos 69%) do Benfica, foi esticando o jogo, sempre em contra-ataque, sempre em busca de Marega. E Marega corria, corria e corria. Numa das correrias de Marega, e numa altura em que a disputa dos lances estava já “quentinha” — e os amarelos continuavam a repousar no bolso de Jorge Sousa –, o maliano reclamou penálti. Aliás, todo o banco portista reclamou. Todo o estádio. À direita, e depois de driblar Jardel, Marega caiu na grande área. Ficou a ideia, antes da repetição, que o central do Benfica toca com perna direita (utiliza também os braços) em Marega, derrubando o avançado do FC Porto. Após a repetição, a ideia é outra: Marega também procura o contacto com o central. Jorge Sousa nada assinalou – nem consultou o vídeo-árbitro.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A fórmula repetiu-se ao minuto 31: bola em Marega, a “rasgar” nas costas da defesa (leia-se: Jardel) do Benfica, e fé na velocidade do avançado. Isolado, Marega remata para fora. Mas queixou-se de um empurrão por trás de Jardel. Contacto há. Faltoso? Mais ligeiro do que faltoso. Marega atrapalhou-se (por sentir a presença do central atrás de si) na altura de rematar – como se atrapalharia mais vezes no jogo.

No minuto seguinte, e depois de um canto à direita, a bola sobra para Herrera. O remate do médio portista é forte e Varela defendeu para canto, rente, rentinho ao poste esquerdo. Jorge Sousa assinalou fora-de-jogo. Mas não havia. No final da primeira parte, mesmo sobre o gongo, Jorge Sousa voltaria a errar. Agora com gravidade. Marega cruzou para a grande área e Luisão cortou a bola com braço. Não só o árbitro não assinalou penálti como não mostraria o segundo amarelo a Luisão. Nem optou, outra vez, por consultar o vídeo-árbitro.

A segunda parte só teve um sentido: o da baliza do Benfica. Destacou-se Varela. E destacou-se Marega. O primeiro pelas melhores razões. O segundo não. Ao minuto 50, vindo da esquerda para o interior da área, Brahimi rematou colocado, em arco, e Varela defendeu. Marega não conseguiu, com a baliza à mercê — Varela estava caído no relvado após a defesa vistosa –, desviar. Mas também não podia: estava em fora-de-jogo.

Seis minutos depois, Jorge Sousa voltou a errar. E voltou a fazê-lo prejudicando o FC Porto. Canto, Alex Telles cruza à esquerda, Sérgio Oliveira amortece de cabeça e Aboubakar, num remate à meia volta, permite a defesa a Varela – é espantosa e quase impossível a defesa. Na recarga, Herrera fez o primeiro da noite. Jorge Sousa anulou. Problema: André Almeida estava adiantado em relação aos jogadores do FC Porto. O golo seria legal.

Seguiu o jogo. E seguiram os da casa mais perigosos. Brahimi, tal como na primeira parte, isola Marega (58’) nas costas de Jardel. O maliano remata e Varela evita o golo com uma defesa com a pontinha da luva esquerda. A mesma “pontinha” da mesma luva evitou novamente o golo aos 64’. Herrera ultrapassa Fejsa e Pizzi, remata cruzado à entrada da área e Varela disse “presente”.

Ao minuto 68 nem a via: canto de Alex Telles à esquerda, Luisão corta de cabeça, a bola chega a Felipe e o central remata de pronto. Sai pouco, muito pouco ao lado do poste direito.

O Benfica jogaria os últimos minutos com menos um jogador. Zivkovic entrou aos 76’ e viu o segundo amarelo aos 82. É a expulsão mais rápida de sempre de um jogador num clássico.

Mais do que “aguentar”, o Benfica pode agradecer o pontinho que traz do Dragão a Marega. À displicência de Marega. Aos 86’, Alex Telles cruza da esquerda para a grande área, Marega surge isolado lá dentro, tenta rematar de primeira… mas o pé direito fez a bola embater na perna esquerda. Ao minuto 94, o derradeiro do tempo extra, Otávio surripia a bola a Grimaldo na direita, cruza, um cruzamento “redondinho”, Marega surge isolado (outra vez!) entre Luisão e Jardel… mas cabecearia por cima.

Contas feitas, o Sporting apanha o FC Porto na liderança. O Benfica surge logo atrás, a três pontos.