Bruno Miguel Semedo Varela tem 23 anos feitos há menos de um mês. O guarda-redes do Benfica – que esta noite presenteou os benfiquistas com uma exibição de gala que garantiu o empate várias vezes – está no clube desde 2006. Mas o seu percurso começou longe do Seixal, no Ponte Frielas.

Num especial da BTV, a família de Bruno Varela abriu as portas de casa para falar sobre o guarda-redes que esta época regressou à Luz: depois de passar por Valladolid e Vitória de Setúbal. O sonho sempre foi jogar à bola. A mãe, Joana Semedo, conta que o pequeno Bruno passava muito tempo sozinho em casa e normalmente jantava a ver jogos de futebol. Um dia, pediu ao pai que o inscrevesse no Ponte Frielas. Lourenço Varela trabalhava num estaleiro e passava pouco tempo em casa, por isso, ficou preocupado com o filho de oito anos que queria ir treinar à noite, ao frio, à chuva. “Disse-me que um miúdo aqui do bairro também ia e ele podia ir com ele. Para não ficar preocupado. Eu disse que a decisão era da mãe”. E a mãe não hesitou.

Bruno começou a jogar no Ponte Frielas e por lá ficou durante quatro anos. Foi avançado porque quis, mas a experiência não correu bem. Passou para guarda-redes quase obrigado, o cenário mudou por completo (até hoje). Mas as coisas nem sempre foram fáceis.

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“Passei fome para lhe comprar meias, chuteiras e equipamentos para ver se ele conseguia seguir para a frente. Aguentei tudo pelo sonho dele, que conseguiu realizar”, conta Joana. As dificuldades que passou em criança marcaram um homem que, atualmente, não precisa de contar os tostões. A namorada diz que, lá em casa, é Bruno quem controla as contas e não há gastos supérfluos. Raquel Rodrigues namora com o guardião das redes do Benfica há quatro anos e os dois já têm um filho, Diego.

O homem que esta sexta-feira foi titular no onze do Benfica para o ‘clássico’ viu esta época o seu sonho realizado. Porque, para Bruno, nada era suficiente até ser titular no Benfica. “Sempre disse que o grande objetivo dele era ser titular pelo Benfica. Que podia jogar 30 ou 40 anos e tornar-se até o melhor do mundo que não estaria realizado sem jogar no Benfica. Não ia descansar até ter sucesso no Benfica”, recorda a namorada.

O pai, Lourenço Varela, não vai ao estádio. “Não gosto de ouvir certas coisas”, explica, “e fico triste quando ele sofre um golo”. O pai do guardião dos ‘encarnados’ diz que teria sido mais fácil se este tivesse escolhido ser avançado. Mas não foi isso que Bruno quis. Bruno quis ser o guarda-redes do Benfica e conseguiu. E acaba por parecer mais do que uma coincidência esta reportagem da BTV ter passado no dia em que Júlio César anunciou a saída do clube: depois da saída do onze para a entrada de Svilar, estará de vez encontrado o número 1 do Benfica?

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Uma coisa é certa: o guarda-redes que “tirou” José Sá do Benfica (disseram ao atual dono da baliza portista que a aposta enquanto lá estivesse era em Bruno Varela e decidiu então rumar ao Marítimo) continua sem perder diante do FC Porto, somando três empates noutros tantos jogos e apenas um golo sofrido.