O parlamento vai pedir ao Governo o acesso ao relatório, na íntegra, sobre o incêndio de Pedrógão Grande realizado pela equipa de Xavier Viegas, decidiu esta quarta-feira, por unanimidade, a comissão de Assuntos Constitucionais.

A decisão sobre o pedido, feito, há semanas, pelo CDS-PP, foi tomada neste dia pelos deputados na comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, e o presidente desta comissão vai agora contactar o executivo nesse sentido.

Para o CDS, o relatório pode ser entregue na íntegra, podendo ser tratado de forma reservada pelo parlamento, mas também admite que sejam retirados os nomes das vítimas do capítulo sexto, que aborda a forma como morreram as vítimas dos incêndios de junho. Vânia Dias da Silva, do CDS, saudou a decisão da comissão, mas criticou o atraso “de três semanas” no pedido do relatório, e o PSD, através de Luís Marques Guedes, assinalou que “até a comunicação social já o tem”.

O Ministério da Administração Interna não divulgou o capítulo do relatório pedido à equipa de Xavier Viegas com os pormenores das mortes de cada uma das 64 vítimas mortais e pediu um parecer à Comissão Nacional de Proteção de Dados Pessoais (CNPDP).

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A CNPD vetou a publicação integral do capítulo seis do relatório elaborado por Domingos Xavier Viegas sobre os incêndios de Pedrógão Grande, permitindo, no entanto, que os familiares das vítimas tenham acesso à informação, embora o PSD, CDS, e também o PS, tenham feito a ressalva de que a eventual divulgação pública do capítulo sexto dependeria da interpretação dada à lei de acesso à documentação administrativa.

“A CNPD não autoriza a publicação ou divulgação pública integral do capítulo seis do relatório, intitulado ‘o complexo de incêndios de Pedrógão Grande e concelhos limítrofes, iniciado a 17 de junho de 2017′, na versão destinada a ser tornada pública’, elaborado pelo Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra”, refere o parecer, feito a pedido do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.

A comissão considera que a divulgação pública do relatório expõe “as pessoas num grau muito elevado, afetando significativamente os direitos fundamentais ao respeito pela vida privada e à proteção de dados pessoais”.

A 16 de outubro, foi entregue ao Governo o relatório de Domingos Xavier Viegas, que na altura foi divulgado à exceção do capítulo seis, que faz uma descrição detalhada sobre as últimas horas de vida das 65 vítimas mortais do incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande a 17 de junho, bem como o que sucedeu ou terá sucedido com os sobreviventes durante os fogos.

O relatório foi divulgado ainda pela ex-ministra Constança Urbano de Sousa, mas o atual ministro Eduardo Cabrita pediu à CNPD que se pronunciasse sobre os termos da eventual divulgação pública do capítulo seis. No parecer, a CNPD refere que, “apesar do esforço de anonimização”, é possível “relacionar os factos e situações descritos com as vítimas, testemunhas e sobreviventes e, com isso, identificar a quem dizem respeito”.

Em 17 de junho e durante vários dias, fogos florestais devastaram extensas áreas, sobretudo em Pedrógão Grande, provocando 65 vítimas mortais e mais de 200 feridos, além de elevados prejuízos materiais.