Se é um condutor português e acha que se fizer umas habilidades em França ninguém lhe toca, ou se é gaulês e pensa estar protegido das infracções que cometer no nosso país, está enganado. Pelo menos, desde o primeiro dia de Dezembro, altura que se iniciou o acordo de cooperação entre Portugal e França.

Destinado a perseguir os condutores estrangeiros que prevariquem no país vizinho, este acordo promete ser o terror dos mais distraídos, ou daqueles que, por estarem fora das suas fronteiras, acham que podem usar e abusar das regras, sem que nada lhes aconteça. Pois bem, não podiam andar mais longe da realidade.

Este ‘presente’ cai um pouco antes do Natal no sapatinho dos condutores de ambos os países, mas na realidade não é mais do que uma extensão a Portugal do acordo que França já tinha em vigor com Espanha, Alemanha, Polónia, Roménia, Itália, Luxemburgo, Áustria, Hungria, Eslováquia e República Checa. O novo acordo envolve especialmente as transgressões associadas aos excessos de velocidade e passagem pelos sinais vermelhos, como se estivessem verdes.

E se pensa que apenas uma meia dúzia de condutores prevaricam no país vizinho, está enganado. Só no espaço de 12 meses, entre Novembro de 2016 e Outubro de 2017, os polícias franceses detectaram 290.966 abusos de veículos com matrícula portuguesa em solo francês. E o mais grave é que destes, 244.000 ocorreram nos primeiros seis meses de 2017, ou seja, a tendência é para aumentar.

Não é conhecido o número de veículos franceses que abusam dos limites em Portugal, mas face ao elevado número de cidadãos que trocaram França pelo nosso país, em virtude da política fiscal gaulesa, que persegue ferozmente os mais ricos, e quase todos têm residência em Portugal e se fazem deslocar em veículos de matrícula nacional, é bem provável que o número de prevaricadores – pelo menos, com matrícula francesa – seja consideravelmente inferior. Ainda assim, ninguém se vai safar da multa que, invariavelmente, chega pelo correio.

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