“Chegou o momento de oficialmente reconhecer Jerusalém como a capital de Israel.” Donald Trump anunciou assim a decisão de alterar a embaixada de Tel Avive para Jerusalém, justificando que não é possível resolver os problemas “cometendo os mesmos falhanços”. O Presidente dos EUA definiu a decisão como podendo contribuir para melhorar o processo de paz entre Israel e Palestina porque “não é possível continuar a usar a mesma estratégia falhada e obter resultados diferentes.”

“Hoje reconhecemos o óbvio. Que Jerusalém é a capital de Israel. Isto é apenas o reconhecimento de uma realidade”, disse Trump. “É a coisa certa a fazer, é algo que tem de ser feito.” A partir daqui, o Presidente norte-americano ordena que se iniciem os processos para transferir a embaixada norte-americana de Tel Avive para Jerusalém.

“Esta decisão não representa de todo qualquer falha no nosso compromisso nas negociações de paz”, declarou o Presidente norte-americano, sublinhando que quer alcançar “um grande acordo” de paz, que respeite a vontade de ambos os lados.

O vice-presidente Mike Pence irá fazer uma viagem ao Médio Oriente na próxima semana. A viagem, de acordo com Trump, é um sinal: “Para reafirmar o nosso compromisso em trabalhar com os nossos parceiros em todo o Médio Oriente, a fim de derrotar o radicalimo que ameaça as esperanças e sonhos das gerações futuras.”

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Uma decisão polémica

À entrada para o conselho de ministros deste tarde, Donald Trump falou aos jornalistas sobre o tema: “É um grande anúncio. É um anúncio relacionado com Israel e os palestinianos e o Médio Oriente. Acho que já vem atrasado”, disse. “Muitos Presidentes disseram que queriam fazer alguma coisa em relação a isto, mas não fizeram. Seja por [falta de] coragem ou por terem mudado de ideias, não sei”, declarou Trump, citado pela CNN.

Donald Trump vai reconhecer Jerusalém como capital de Israel

Israel quer o reconhecimento internacional de Jerusalém como sua capital, mas a decisão choca com o facto de os palestinianos também considerarem Jerusalém Oriental como possível capital de um futuro Estado da Palestina. A decisão poderá assim pôr em causa o princípio dos dois Estados, que tem orientado a diplomacia norte-americana relativamente ao conflito israelo-palestiniano.

As reações internacionais foram marcadas pelo pessimismo, com figuras como o Papa a alertar para a possível “tensão” criada por um anúncio desta natureza. Esta quarta-feira, o porta-voz do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, endureceu o discurso, dizendo que os EUA estão “a mergulhar a região e o mundo num fogo sem fim a vista” e admitiu que o país poderia cortar relações com Israel. A primeira-ministra britânica, Theresa May, fez um aviso dizendo que “Jerusalém deve ser uma capital partilhada”.

A administração Trump, contudo, considera que esta decisão não se trata de um favorecimento de Israel nas negociações de paz, mas sim de uma questão prática, já que muitos argumentam que Jerusalém funciona como capital de facto do Executivo israelita. “O Presidente acredita que este é um reconhecimento da realidade”, disse uma fonte da Casa Branca citada pela Reuters. “Estamos a avançar com base numa verdade que é inegável, é um facto.”