Recep Tayyip Erdogan inicia esta quinta-feira uma visita de dois dias à Grécia, a primeira de um Presidente turco nos últimos 65 anos e onde deverão ser abordadas as disputas territoriais entre os dois países vizinhos.

Na quarta-feira, em entrevista à televisão grega Skai que decorreu na Turquia, Erdogan admitiu a necessidade de “ajustamentos” territoriais no Mar Egeu, mas emitiu estas declarações num tom aparentemente conciliatório, apelando à “construção de um espírito de solidariedade” entre os dois países.

“O espaço aéreo, as águas territoriais, e as suas diversas extensões podem ser melhorados”, declarou. Erdogan será o primeiro Presidente turco a deslocar-se à Grécia nos últimos 65 anos, apesar de ter visitado o país vizinho em 2010 na qualidade de primeiro-ministro.

A Grécia reivindica um espaço aéreo de 10 milhas (16 quilómetros) em torno das suas costas continentais e das suas ilhas, mas a Turquia apenas reconhece o espaço de seis milhas, ao argumentar que segundo o direito internacional o espaço aéreo deve ser idêntico ao das águas territoriais.

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Em consequência, e regularmente, aviões militares turcos sobrevoam o espaço aéreo grego, com os caças gregos a escoltá-los por vezes até à fronteira numa atmosfera de tensão.

No entanto, as relações entre a Turquia e a Grécia têm sido caracterizadas por disputas territoriais e os dois países, aliados na NATO, estiveram à beira de um conflito em 1996 devido às reivindicações em torno de ilhéus desabitados no mar Egeu.

Na entrevista, o Presidente turco voltou ainda a manifestar a sua opinião sobre a necessidade de revisão do tratado de Lausanne de 1923, que desde então define as relações greco-turcas.

Do lado grego, um porta-voz do Governo disse esperar que a visita contribua para “importantes melhorias” nas relações bilaterais. Em paralelo, insistiu que o tratado de Lausanne permanece “em vigor” e possui natureza “vinculativa”.

Por sua vez, em entrevista à agência noticiosa turca Anadolu, o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras insistiu também na quarta-feira em relações bilaterais na base “da confiança mútua e do direito internacional com um respeito total pelo tratado de Lausanne”.