A polícia da Guiné-Bissau proibiu esta quinta-feira a realização de uma marcha de partidos de oposição que contestam o Presidente guineense, José Mário Vaz, alegando o cumprimento de ordens da Procuradoria-Geral da República, disse à Lusa fonte da corporação.

Segundo a fonte, a marcha convocada por 18 partidos, não pode ter lugar na sequência da ordem emitida pelo novo Procurador-Geral guineense, Bacari Biai, segundo a qual, a Constituição do país “não prevê a realização de manifestações a qualquer momento”.

Numa nota emitida no dia 2 de dezembro, o Procurador guineense, citando a Constituição do país, ressalvou que “os cortejos e desfiles de cidadãos só são permitidos aos domingos e feriados” e aos sábados “a partir das 13 horas e em dias úteis só depois das 19 horas”.

Alguns dirigentes e ativistas de partidos ainda tentaram juntar-se na localidade de Chapa de Bissau, a três quilómetros do centro da capital, de onde partiria a marcha, mas rapidamente foram mandados dispersar pela polícia.

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O jornalista Assana Sambu, do jornal “O Democrata”, indicou à Lusa ter sido impedido pela polícia de registar as imagens, sob o pretexto de não ter autorização do Ministério do Interior.

Dois líderes partidários presentes no local, Agnelo Regalla e Nuno Nabian, disseram aos jornalistas que a medida da polícia “é ilegal” e que o Presidente guineense, José Mário Vaz, e o “seu Governo serão responsabilizados perante a comunidade internacional”.

“Eles que entendam que, de certeza absoluta, serão objeto de sanções pela comunidade internacional”, sublinhou Agnelo Regalla, líder do partido União para Mudança.

Nuno Nabian, candidato derrotado na segunda volta das últimas eleições presidenciais e atual líder do partido Assembleia do Povo Unido- Partido Social Democrata (APU-PDGB), afirmou que a “democracia está ameaçada” na Guiné-Bissau, mas que os partidos da oposição “não vão baixar os braços”.

O coletivo de partidos que fazem oposição ao Presidente guineense anunciou que vai realizar marchas em Bissau entre este dia e sexta-feira, bem como nos próximos dias 14 e 15.

Os dois dirigentes que se encontravam na Chapa de Bissau anunciaram que vão indicar aos cidadãos quais as medidas a serem tomadas “para continuar a luta contra a ditadura” ainda que não pretendam “colocar em causa a paz” no país.

Na quarta-feira, momentos antes de embarcar para uma visita de 24 horas ao Senegal, o Presidente guineense, José Mário Vaz, afirmou que a solução para os problemas da Guiné-Bissau “deve ser encontrada pelos cidadãos” do país.